Anotações do livro – A praça e a rede – Niall Ferguson

Aproveito para “postar” trechos que separei da leitura do livro “A praça e a torre”, de Niall Ferguson.

Recomendo a leitura do livro completo.

A PRAÇA E A TORRE

Redes hierarquias e a luta pelo poder global

Niall Ferguson

Prefácio

O historiador interconectado

Para com velho descontente que está do lado de fora a palavra “rede” tem outra conotação. Cresce a suspeita de que o mundo é controlado por redes poderosas e exclusivas: os banqueiros, a elite governante, o sistema, os judeus, os maçons e os Illuminati. Quase tudo que é escrito seguindo essas linhas é bobagem. No entanto, parece improvável que as teorias conspiratórias fossem tão persistentes se essas redes não existissem de nenhuma forma.

Muitas vezes as maiores mudanças na história são os feitos de grupos de pessoas organizados de maneira informal e com pouca documentação.

Esse livro é sobre o fluxo e refluxo irregular da história. Ele distinguir as longas épocas em que as estruturas hierárquicas dominaram a vida humana das eras mais raras e dinâmicas em que as redes foram favorecidas, graças em parte às mudanças na tecnologia.

Quanto mais pessoas respondem a você ver mais longe você está do pé da montanha.

Este livro é uma tentativa de me redimir desses pecados de omissão. Conta a história da interação entre redes e hierarquias desde a Antiguidade até o passado bem recente. Junta noções teóricas de inúmeras disciplinas, que vão da economia a sociologia da neurociência ao comportamento organizacional. A sua tese central é que as redes sociais sempre foram mais importantes na história do que foi recebido pela maioria dos historiadores, com sua fixação em organizações hierárquicas como os estados – e especialmente em dois períodos.

Suspeito que eu não teria chegado a essa conclusão se não houvesse me decidido escrever a biografia de um dos indivíduos mais adeptos das redes nos tempos modernos Henry Kissinger. Foi quando cheguei à metade do projeto – Com o volume I terminado e o volume II a parcialmente pesquisado – que uma hipótese interessante me ocorreu. E se o sucesso, a fama e a notoriedade de Kissinger Resultado não só de um poderoso intelecto e formidável força de vontade, mas também de sua habilidade excepcional para construir uma rede eclética de relacionamentos, não apenas com colegas nas administrações de Nixon e Ford, mas também com as pessoas fora do governo: jornalistas, donos de jornais, embaixadores estrangeiros, chefes de Estado – e até produtores de Hollywood? Muito deste livro se sintetiza (espero que sim simplificações exageradas) a pesquisa de outros estudiosos, todos os quais créditos de maneira devida, em relação à rede de Kissinger ofereço uma tentativa Inicial e, acredito, original de descrever a questão.

I – Introdução: Redes e Hierarquias

1 – O Mistério dos Illuminati

Um número espantosamente auto de pessoas acredita nessas teorias, ou no mínimo as leva a sério. Pouco mais da metade (50%) de mil norte-americanos entrevistados. Numa pesquisa de 2011 concordaram com afirmação de que “muito do que acontece no mundo de hoje é decidido por um grupo pequeno e secreto de indivíduos. Um quarto (25%) de uma amostra de 1935 norte-americanos disse que acreditava que a crise financeira atual foi orquestrada em segredo por um pequeno grupo de banqueiros Wall Street para expandir o poder da Federal Reserve e aumentar o controle que exercem sobre a economia mundial. E quase um quinto (19%) concordou com a ideia de que o bilionário George Soros está por trás de um plano curto para desestabilizaram o governo norte-americano tomar controle da mídia e deixar o mundo sobre seu controle. O próprio Soros é conectado com frequência aos illuminati por famosos defensores de teorias conspiratórias como Alex Jones. Pode ser loucura, mas é o tipo de loucura que não atrás somente extremistas. Os autores de um estudo Acadêmico recente sobre a prevalência das teorias conspiratórias concluíram que:

No entanto, nenhum caso ilustra melhor a significância Histórica da dados das redes do que illuminati. Eles por certo não causaram a revolução Francesa – nem mesmo suscitaram grandes problemas na Baviera. Porém eles se tornaram importantes porque a sua reputação se tornou viral numa época em que a diesel precipitar pelo Iluminismo – promovida por uma rede de intelectuais de imensa influência – atingiram o ápice revolucionário em ambos os lados do Oceano Atlântico.

 Este livro tenta encontrar um meio termo entre a historiografia convencional, que tende a atenuar o papel das redes e os defensores de teorias conspiratórias, que tem o hábito de enxergar esse papel. Ele propõe uma nova narrativa histórica, em que é possível que mudanças importantes – desde a Era das Descobertas e a Reforma, se não antes – sejam compreendidas em essência, como desafios desestabilizadores apresentados as hierarquias estabelecidas pelas redes.

2 – A nossa era interconectada

Uma das razões principais por que as mulheres ficam para trás em questões de liderança, afirma o mesmo periódico, “é a menor probabilidade de que elas tenham amplas redes para apoiá-las e promovê-las como líderes em potencial.”

Este livro trata mais do passado do que do Futuro, ou, para ser preciso, é um livro que busca aprender sobre o futuro estudando sobretudo passado, em entrar arroubos de imaginação ou de projeções casuais de tendências recentes daquilo que está por vir. Há aqueles (em especial no Vale do Sílico) que duvidam que a história tenha muito a lhe ensinar numa época de inovações tecnológicas tão velozes. De fato, muito dor debate que acabei de resumir pressupõe que as redes sociais sejam um fenômeno novo e que há algo sem precedentes sobre a sua ubiquidade atual. Isso está errado.

3 – Redes, redes para todos os lados

O termo cunhado pelo etnógrafo Edwin Hutchins é cognição distribuída. Os novos ancestrais eram coletores forçados a colaborar entre si que se tornaram interdependentes uns dos outros para o ter comida, abrigo e calor.

Um papel importante nessas comunidades isoladas é desempenhado por indivíduos centrais de difusão chamados em geral de fofoqueiros.

4 – Por que as hierarquias?

Historicamente as hierarquias começaram por meio de clãs e tribos com base familiar, dos quais (ou contra os quais) instituições mais complicadas e estratificadas se desenvolveram, com uma divisão formalizada e com categorização de trabalho. Entre as variedades de ir hierarquias que proliferaram no período pré-moderno, estava regimes urbanos com regulamentos rígidos que dependiam do Comércio e estados maiores,  mais monárquicos, com base na agricultura, os governo conhecer igreja; os exércitos e as burocracias dentro dos Estados; as associações cujas operações buscavam controlar o acesso a profissões qualificadas; as corporações autônomas que, a partir do início do período moderno, buscavam explorar as economias de grande escala e a esfera de atuação ao internalizar certas transações de mercado; corporações acadêmicas como as Universidades; e os estados transnacionais superdimensionadas conhecidos como impérios.

Na prática, é claro, uma grande proporção dos governantes autocráticos da história deixou uma parcela considerável de poder para o mercado, embora eles regulassem, taxassem e, de vez em quando, interrompesse as suas operações. É por isso que na cidade arquetípica medieval, e do início da era moderna – como Siena, na Toscana -, a torre que representa poder secular se eleva, projetando a sua sombra, bem ao lado da praça onde se davam as transações de mercado e outras formas de câmbios públicos (ver na gravura 6). Portanto, seria um erro seguir Friedrich Hayek na concepção de uma simples dicotomia entre o estado e o mercado. Isso não apenas porque o governo define a estrutura legal dentro da qual o mercado Opera, mas também porque, como falecido Max Boisot defendia, os próprios mercados e burocracias são somente tipos ideais de redes de compartilhamento de informações, como clãs e feudos.

5 – Das sete pontes aos seis graus

O estudo formal das redes principiou em meados do século XVIII, no apogeu da cidade de Konigsberg, no leste da Prússia, onde morava o filósofo Immanuel Kant.

O problema atraiu a atenção do grande matemático suíço Leonhard Euler, que em 1735 inventou uma teoria de redes para demonstrar formalmente porque essa caminhada era impossível.

Cientistas do século XIX aplicavam esse modelo a tudo, desde a cartografia até circuitos elétricos e isômeros de componentes orgânicos. A ideia de que houvesse também redes sociais por certo ocorreu há alguns dos grandes pensadores nessa época, em especial a John Stuart Mill, Auguste Comte e Alexis de Tocqueville – Sendo que este último compreendeu que a rica vida associativa dos primórdios dos Estados Unidos foi crucial para o funcionamento da democracia norte-americana. No entanto, ninguém tentou formalizar este conceito. Pode-se dizer, portanto, que o estudo das redes sociais data de 1900, quando o professor de escola fundamental e cientista social amador Johannes Delitsch publicou uma matriz que mapeava as amizades de 53 meninos a quem lecionar na sua turma de 1880-81. Delitsch identificou uma relação próxima entre as afinidades sociais dos meninos e o seu desempenho escolar – que, naqueles dias, determinava onde cada aluno se sentava na sala de aula. Um trabalho similar foi feito três décadas mais tarde em Nova York, onde o psiquiatra peculiar anti-freudiano Jacob Moreno, nascido na Austrália, utilizou sociogramas, mas para estudar os relacionamentos entre garotas delinquentes de um reformatório em Hudson, no estado de Nova York.

 Trinta anos mais tarde, linguiça e biógrafo Eugene Garfield concebeu uma técnica gráfica similar para visualizar a história dos campos científicos ao criar um historiógrafo de citações. Desde então, indo e faz de impacto se tornaram medidas das conquistas acadêmicas em ciências.

É grande a probabilidade de que, quando dois módulos estão ligados a um terceiro eles também estarão ligados um ao outro, pois (nas palavras do economista James E. Rauch) “duas pessoas que conhecem têm maior probabilidade de ser conhecer hein uma outra do que duas pessoas selecionadas de modo aleatório”. Diz-se que uma tríade, com todos os três membros conectados por segmentos positivos, é equilibrada e exemplifica que o amigo do meu amigo é meu amigo. Outra tríade, em que dois membros não gostam um do outro apesar de ambos conhecerem o terceiro, é às vezes chamada de “Tríade proibida”. (Uma variante, com dois membros em termos amigáveis e um que é hostil, representa o caso desconfortável em que o “inimigo do meu amigo também é meu inimigo”).

Os indivíduos com alta centralidade de intermediação não necessariamente as pessoas com mais conexão, mas aquelas com as conexões mais importantes. (Em outras palavras, não importa quantas pessoas você conhece, mas quem você conhece).

A importância dessas medidas se tornou evidente em 1967, quando o psicólogo social Stanley Milgram conduziu um experimento famoso. Ele enviou cartas para presidentes, selecionados de modo aleatório, de Wichita, na Kansas, e Omaha, em Nebraska.

As cadeias completas permitiram a Milgram calcular o número de intermediários necessários para que a carta chegasse a sua meta: uma média de cinco. Essa descoberta fora antecipada pelo autor húngaro Frigyes Karinthy, autor do conto “Láncszemek” (“Cadeias”, publicado em 1929), no qual um personagem aposta que consegue se conectar a qualquer indivíduo do mundo que seus companheiros escolham, por intermédio de não mais que cinco conhecidos, sendo apenas um deles conhecido pessoalmente. O conceito também foi sustentado por experimentos separados feitos por outros pesquisadores, em especial o cientista político Ithiel de Sola Pool e o matemático Manfred Kochen.

A frase “seis graus de separação” não foi cunhada até a peça 1990 de John Guare com esse título, mas tem, portanto, uma longa pré-história.

6 – Laços fracos e ideias virais

O Foco inicial de Granovetter se situava no modo como pessoas que procuravam empregos recebiam maior auxílio de meros conhecidos do que de seus amigos íntimos, mas mais tarde ele se deu conta de que, numa sociedade com relativamente poucos laços fracos, “as ideias novas se espalharam de forma lenta, os esforços científicos sofrerão limitações, e subgrupos separados por raça, etnia, geografia ou outras características terão dificuldade em lançar um modus vivendi”.

A observação de Granovetter era sociologia, com base em entrevistas e dados semelhantes, e sujeita a refinamento baseado em estudo de Campo. Estes revelaram, por exemplo, que laços fortes importam mais para os pobres do que os laços fracos, dando a crer que as redes bem integradas do mundo proletário tendem a perpetuar a pobreza. Foi apenas em 1998 que os matemáticos Duncan Watts e Steven Strogatz demonstraram porque um mundo caracterizado por agrupamentos hemofílicos seria ao mesmo tempo um mundo pequeno.

Watts havia começado o trabalho estudando o trilo sincronizado de grilos, mas o significado das descobertas feitas com Strogatz para a produção humana era óbvio.

A natureza altamente concentrada dos grafos de mundo pequeno talvez leve à intuição de uma dada doença está ‘distante’ quando, pelo contrário, está efetivamente bem próxima.

As redes fechadas de vendedores podem conspirar contra o público e desencorajar as inovações. Redes mais abertas podem promover inovação à medida que ideias novas chegam ao agrupamento, graças a forma de laços fracos. Essas observações levaram a questão de como exatamente as redes são formadas em primeiro lugar.

Os intermediários – pessoas que são capazes de transpor os buracos” – são (ou deveriam ser) “recompensado pelo seu trabalho de integração”, pois, graças à posição que ocupam, eles detêm uma probabilidade maior de ter ideias criativas (ou uma probabilidade menor de sofrer de “mentalidade de grupo”). em instituições inovadoras, esses intermediários são sempre apreciados. Entretanto, na maioria das competições entre um intermediário – inovador e uma rede inclinada ao “fechamento” (ou seja, à insularidade e à homogeneidade), a segunda sempre vence. Esse conceito se aplica a filósofos acadêmicos quanto ao funcionário de uma empresa eletrônica norte-americana.

Os administradores têm maior probabilidade de operar em rede do que os que não são administradores; que uma “rede menos hierárquica talvez seja melhor para gerar solidariedade e homogeneidade em uma cultura organizacional.

Embora distinguir entre os efeitos de rede endógenos e exógenos não seja nada fácil, a evidência desse tipo de contágio é clara: “Alunos com companheiros de quarto estudiosos se tornam mais estudiosos. Comensais sentados juntos de pessoas que comem muito ingerem mais comida. No entanto, segundo Christaki e Fowler, não conseguimos transmitir ideias e comportamentos muito além dos amigos dos amigos dos nossos amigos (em outras palavras, apenas três graus de separação). A razão disso é que a transmissão e recepção de uma ideia ou comportamento requer uma conexão mais forte do que o envio de uma carta (no caso do experimento de Milgram) ou da comunicação de que uma certa oportunidade de emprego existe.

Nas palavras de Duncan Watts, a chave para estimar a probabilidade de uma cascata semelhante a um contágio está em “não se concentrar no estímulo em si, mas na estrutura da rede que o estímulo atinge”. Isso ajuda a explicar por que, para cada ideia que se torna viral, há inúmeras outras que desaparecem na obscuridade por terem começado a partir do nódulo, agrupamento ou rede errados.

7 – Variedades de redes

Agora é possível ver com clareza que, longe de ser o oposto de uma rede, uma hierarquia é apenas um tipo especial de rede.

O que é mais importante, o nódulo superior tem o nível mais elevado de centralidade de intermediação e de proximidades – ou seja, é um sistema projetado para maximizar a habilidade desse nódulo tanto de acessar quanto de controlar as informações. Como veremos, poucas hierarquias atingiram o controle total sobre os fluxos de informação, embora a União Soviética de Stálin tenha chegado perto.

Não seriam necessárias muitas arestas adicionais na figura 9 para destruir o que é quase um monopólio de comunicações do nódulo governante. Isso ajuda a explicar por que imperadores e Reis ao longo da história se preocupam com conspirações. Cabalas, camarilhas, células, congregações, confrarias: todos esses termos têm conotações sinistras no contexto de uma corte monárquica. As hierarquias há muito tempo têm se mostrado preocupadas com a ideia de que a fraternização entre subordinados pode ser o prelúdio de um golpe de estado.

8 – Quando as redes se encontram

O cientista político John Padgett e seus coautores propuseram uma analogia bioquímica, argumentando que inovação e invenção organizacionais são ambos resultados de interação entre redes, que assumiria três formas básicas: “transposição”, “refuncionalidade” e “catálise”. Em si, uma rede social vigorosa entender a resistir às mudanças nas regras de produção e nos Protocolos de comunicação. É quando uma rede social e seus padrões são transpostos de um contexto e colocados para funcionar em outro que a inovação e até mesmo a invenção têm a oportunidade de ocorrer.

Historicamente, como veremos, as inovações tendem a vir mais das redes do que das hierarquias. O problema é que as redes não são dirigidas com facilidade “para um objetivo comum […] que exija concentração de recursos no espaço e no tempo dentro de grandes organizações, como exército, burocracias, grandes fábricas, corporações organizadas de modo vertical. As redes podem ser espontaneamente criativas, mas não são estratégicas. A Segunda Guerra Mundial não teria sido ganha por uma rede, mesmo que eles superiores (de cientistas atômicos e de criptografia) tenham desempenhado papel importante na vitória dos aliados. Não apenas isso, mas as redes também são capazes de criar e espalhar ideias tanto ruins quanto boas. Nos casos de contágio social ou de “cascatas” de ideias, as redes podem espalhar o pânico com a mesma prontidão com que comunicam a sabedoria das multidões – tanto furor de queimar Bruxas quanto a mania inofensiva de fotografar gatos, com igual facilidade.

A inabilidade de velhos líderes de compreender a Era das Redes é “o motivo pelo qual a legitimidade [deles] […] vem decaindo, o motivo pelo qual a nossa grande estratégia é incoerente, o motivo pelo qual a nossa época é, de fato, revolucionária”. Aos olhos de Ramo, “a ameaça fundamental aos interesses norte-americanos não é a China ou a AI-Qaeda ou i Irá. É a própria evolução das redes.

Dominic Cummings, inglês, aventa a hipótese de que o Estado do Futuro precisará funcionar mais como o sistema imunológico humano ou como uma colônia de formigas do que como um estado tradicional – em outras palavras, mais como uma rede, com propriedades emergentes e a capacidade de auto-organização, sem planos ou coordenação central, apoiando-se, em vez disso, em experimentos probabilísticos, reforçando os sucessos e descartando os fracassos, e tornando-se resistente em partes por meio da redundância.

9 – Sete conceitos

1 – Nenhum homem é uma ilha

Como veremos, uma medida importante, mas negligenciada, da relevância histórica de um indivíduo é até que ponto essa pessoa era uma ponte de rede.

2 – Cada qual com seu igual.

3 – Laços fracos são Fortes.

Há “eremitas da rede”, nódulos que estão completamente “fora das redes”.

4 – A estrutura determinada a viralidade.

5 – As redes nunca dormem.

6 – As redes se enredam.

Quando uma rede abala uma hierarquia ossificada, é capaz de derrubá-la com uma velocidade de tirar o Fôlego. No entanto, quando uma hierarquia ataca uma rede frágil, o resultado pode ser o colapso dessa rede.

7 – Os ricos se tornam mais ricos.

Quanto entendemos esses conceitos essenciais da ciência das redes.

Mas bilhões de lances ligados uns aos outros de milhares de maneiras possíveis (inclusive, mas por certo não unicamente, por relações sexuais). Além disso, quando observada em seu contexto histórico apropriado, a época atual se mostra menos desconcertante e sem precedentes, e mais familiar.

II Imperadores e exploradores

11 – Uma breve história da hierarquia

Por quê, então, o império do lado ocidental da Eurásia não sobreviveu, ao contrário do Império Romano do Oriente? A resposta clássica é que Roma não conseguiu suportar as pressões crescentes da imigração – alguns diriam invasão – das tribos germânicas. Além disso, diferentemente do império chinês, Roma teve de lidar com o impacto desestabilizador de uma nova religião, o cristianismo, uma seita herética judaica que se espalhou pelo mundo Romano graças aos esforços de Saulo de Tarso (o apóstolo Paulo) após a sua conversão no caminho para Damasco em torno de 31-36 d.C. As epidemias na década de 161 em 251 criaram uma abertura para esta rede religiosa, pois o cristianismo não apenas oferecia uma explicação para as catástrofes, mas também encorajava comportamentos (como fazer caridade e cuidar dos enfermos) que levaram a sobrevivência desproporcional dos crentes. O império romano era uma verdadeira e hierarquia, com quatro ordens sociais principais – senatorial, equestre, decúria e plebeia -, mas o cristianismo parece ter permeado todas as camadas. E o cristianismo foi apenas a mais bem-sucedida de muitas ondas religiosas que se alastraram pelo império romano: o culto do deus da tempestade Júpiter Doliqueno, surgido no norte da Síria de lá se espalhou até o sul da Escócia a partir do início do século II d.C., particularmente graças a sua adoção por oficiais do exército romano. Migração, religião e Contágio: em torno do século V, essas ameaças nascidas de redes – que ninguém planejou ou comandou, mas que se espalharam de modo viral – avião Despedaçado a estrutura hierárquica do governo Imperial romano, deixando apenas vestígios de uma velha ordem para assombrar as imigrações de europeus nos séculos que se seguiram. A partir do século VII, o novo culto monoteísta de submissão – o Islamismo – irrompeu dos desertos da Arábia, transformando-se, entre Meca e Medina, de apenas mais um profeta em uma ideologia política militante que se impôs pela espada.

No entanto, o destino da Biblioteca de Alexandria – destruída por uma série de ataques que chegaram ao auge em 391 d.C. – ilustrou como era frágil o arquivo de dados do mundo antigo. E a ausência quase total de trocas intelectuais entre a Europa e a China nos períodos antigo e medieval significou que o mundo estava ainda mais longe de ser uma rede única – a não ser por um único aspecto letal.

12 – A primeira era interconectada

A população de toda a massa de terra da Eurásia foi devastada no século XIV, pela peste negra, a praga bubônica causada pela bactéria Yersinia pestis, que foi transmitida, por intermédio de pulgas, ao longo das redes de comércio da eurásia descrita anteriormente. Tão esparsas eram essas redes – tão poucos eram os laços entre os grupos de assentamentos – que a doença viva altamente infecciosa levou quatro anos para cruzar a Ásia e a velocidade de menos de 1000 km por ano. Contudo, o impacto foi bem diferente na Europa, onde quase metade da população morreu (incluindo talvez três quartos da população do sul da Europa), em comparação com a Ásia. Por exemplo, a falta de mão de obra parece ter sido mais grave, no extremo ocidente, levando a ganhos significativos em salários reais, em especial na Inglaterra. A diferença institucional principal entre Oeste e o leste da Europa Ásia após 1500, porém, era que as redes no Oriente estavam relativamente mais livres da dominância hierárquica do que aquelas do Leste. Nenhum império monolítico voltou a se erguer no Ocidente, prevaleceram múltiplos principados, muitas vezes fracos, com o papado e a estrutura imprecisa do Sacro Império Romano-Germânico com únicos remanescentes do poder imperial romano, enquanto Bizâncio era considerado o legítimo herdeiro dos imperadores. Em uma das antigas províncias romanas, na Inglaterra, o poder do monarca foi tão limitado que, a partir do século XII, os mercadores da capital se viram livres para administrar seus próprios negócios por meio de uma corporação autogovernada. No Leste, as redes que mais importavam eram familiares: os laços do clã. Alguns argumentam que, numa Europa Ocidental mais individualista, outras formas de associação – irmandades em nome, mais do que de fato – passaram a ter mais importância.

Com o advento do governo Médici em 1434, nasceu o “homem da Renascença”, um indivíduo culto, engajado simultaneamente em finanças, comércio, política, arte e filosofia – “parte negociante, parte político, parte patriarca, parte esteta intelectual”.

13 – A arte da negociação da Renascença

Longe de se glorificar com vulgaridade Verbal e demonstrações ostentatório de riqueza, Cotrugli era com humanista altamente educado para quem o mercado ideal em carnaval as virtudes clássicas do cidadão comum, já que estas haviam sido conhecidas pelos gregos e Romanos antigos e redes cobertas pelos acadêmicos e italianos da renascença.

Embora seja mais bem conhecida dos acadêmicos como a primeira obra a descrever o método de contabilidade de partidas dobradas – mais de 30 anos antes do ensaio mais famoso De computis et scripturis (1494), de Luca Pacioli -, IL libro delll’arte di mercatura é mais notável pela amplitude do assunto que trata. Cotrugli oferece todo um modo de vida. não é uma cartinha estéril, mas uma exortação a seus companheiros mercadores para que aspirem a se tornar homens de negócios da Renascença.

Cotrugli foi um nódulo em uma rede comercial fluorescente de crédito e débito – da condenar “aqueles que mantém apenas uma coluna de contas, que é o quanto eles devem a si mesmos e não o quanto outros esperam deles”, a quem ele chama de “o pior tipo de mercado, o mais vil e o mais iníquo”. “Um mercado”, escreve Cotrugli, “deveria ser o mais universal dos homens, e o que tem mais conexões, mais do que seus colegas, com tipos diferentes de homens e de classes sociais” (ênfase minha). Como consequência, “tudo o que um homem sabe pode ser útil para o mercador”, inclusive a cosmografia geográfica, filosofia, astrologia, teologia e direito. Em ressumo-o livro de arte do Comércio” pode também ser visto como um Manifesto em prol de uma nova sociedade de indivíduos cultos interconectados.

14 – Descobrimentos

Os avanços alcançados na Itália e na região em torno mostra que, em termos de desenvolvimento cultural e econômico, a Europa já estava dirigindo do resto do mundo antes do fim do século XV. No entanto, a inovação decisiva que prefigurou a era em que a Europa dominou o mundo não foi tanto A Renascença italiana quanto a era da exploração Ibérica.

Como é comum na história, novas tecnologias impulsionaram a formação dessas novas redes, ao mesmo tempo que as redes aceleravam o ritmo da Inovação.

Em resumo, a experiência foi desapontadora – um lembrete de que a expansão marítima europeia estava longe de ser um processo tranquilo e inevitável. De fato, é fácil esquecer pão perigosas foram todas as viagens descritas acima. Na primeira viagem de Vasco da Gama a Calicute, ele perdeu metade da tripulação, inclusive o próprio irmão. Cabral partiu com 12 navios em 1500; apenas cinco sobreviveram. Por que, então, os portugueses assumiram riscos tão grandes? A resposta é que as recompensas a serem obtidas ao estabelecer – e então monopolizar – uma nova rota de comércio com a Ásia valiam os riscos. É bem sábio que a procura na Europa por especiarias asiáticas como pimenta, gengibre, cravo, noz moscada e macis cresceu de maneira rápida no século XVI. Os diferenciais de preço entre os Mercadores asiáticos e europeus eram enormes a princípio.

15 – Pizarro e os incas

No entanto, o nome inca-hispânico do autor do livro conta a sua própria história. Diferentemente do ocorrido na América do Norte, onde a população indígena era menor e os colonos europeus muito mais numerosos, na América do Sul à ordem do dia era a fusão. Para dar um exemplo simples, Francisco Pizarro tomou como amante a irmã favorita de Atahualpa, que tinha oferecido em casamento a ele. Após a morte de Pizarro, ela se casou com um cavaleiro chamado Ampuero e partiu para a Espanha, levando a filha, Francisca, que mais tarde seria legitimada por decreto Imperial. Francisca Pizarro Yupanqui em seguida se casou com o tio dela, Hernando Pizarro, na Espanha, em outubro de 1537. Pizarro também teve um filho, que nunca foi legitimado, chamado Francisco, com uma esposa de Atahualpa que ele tomará como amante. Isso Foi algo típico na maneira como a primeira geração de conquistadores estabeleceu uma nova “teia familiar multicultural”, projetada para dar legitimidade a sua posição no topo dos sistemas e hierárquicos que haviam conquistado (ver figura 11). Um termo mais adequado talvez fosse “cossocialização”.

Mesmo assim, o legado duradouro dessa abordagem na América do Sul não foi uma cultura que reconhecesse o fato da socialização genética, mas sim uma cultura que classifica as pessoas de acordo com a “pureza do sangue” (limpeza de sangue), um conceito que os espanhóis trouxeram com eles para o Novo Mundo como legado da exploração dos mouros e dos judeus.

16 – Quando a Gutenberg conheceu Lutero

A teia ibérica de descobridores e conquistadores foi uma das redes que transformaram o mundo moderno em seus primórdios. Na Europa Central, no mesmo período, uma nova tecnologia ajudou a desencadear a enorme ruptura Religiosa e política que conhecemos como Reforma, assim como a abrir caminho para a Revolução Científica, o Iluminismo, e muitos outros fatores contrários às intenções originais da Reforma.

Sem Gutenberg, Lutero poderia muito bem ter Tornado somente mais um herético queimado na fogueira pela igreja, como Jan Hus. Suas 95 teses originais – que, inicialmente, eram uma crítica e práticas corruptas como a venda de indulgências – foram, a princípio, enviadas em forma de carta ao arcebispo de Mainz, em 31 de outubro de 1517. Não é de todo claro se Lutero também pregou uma cópia do documento na porta da igreja de Todos os Santos em Wittenberg, mas isso pouco importa. Esse método de publicação havia sido suplantado.

Por que o protestantismo de mostrava tanta resistência a repressão? Uma resposta a essa pergunta é que, ao proliferarem por todo o norte da Europa, as Seitas protestantes desenvolveram estruturas de redes espantosamente elásticas.

Já faz meio Milênio desde que os navios portugueses chegaram à costa de Guangdong e que Lutero pregou sua tese na porta da igreja de Todos os Santos em Wittemberg. O mundo em 1517, quando os grandes distúrbios da exploração Europeia e da reforma avançavam, era um mundo de ordens hierárquicas. O Imperador Zhengde eu Inca Huayna Capac eram apenas dois membros de uma elite global de déspotas. Foi em 1517 que o sultão otomano Selim I – Selim, o Severo – conquistou o Sultanato Mameluco – que se estendia da península Arábica à Síria, à Palestina e ao próprio Egito. Ao Leste, o xá safávida Ismail governava toda a região que nos dias modernos chamamos de Irã e Azerbaijão, o sul do Daguestão, a Armênia, Khorasan, o leste da Anatólia e a Mesopotâmia. Ao norte, Carlos I – herdeiro das casas de Habsburgo, Valois-Borgonha e Trastâmara – Governava os reinos espanhóis de Aragão e Castela, assim como os países baixos; em dois anos, com o nome de Carlos V, ele também seria eleito imperador romano germânico, sucedendo o avô, Maximiliano I. Em Roma, Leão X – segundo filho de Lorenzo de Médici o papa. Francisco I reinava na França, enquanto Henrique VIII governava a Inglaterra com nada menos que o poder absoluto; a sua vontade, o reino adotou a reforma de Lutero (embora de forma fragmentada e inconsistente). Como vimos, A Hierarquia É um tipo especial de rede, em que a centralidade do nódulo governante é maximizada. A rede social o que se pode inferir dos documentos oficiais dos Tudor, que contém cartas de mais de 20 mil pessoas ilustra bem esse ponto. No reinado de Henrique VIII, a pessoa com o grau mais elevado é Thomas Cromwell (o secretário principal do Rei, guardião do selo privado e Ministro da Fazenda), com 2.149 correspondentes, seguido pelo próprio Rei (1.134) e pelo Cardeal Thomas Wolsey, seu lorde chanceler (682). Entretanto, em termos de centralidade de intermediação, o rei vinha em primeiro lugar.

 hoje os historiadores reconhecem, no mundo de 1500 e 17,1 pouco mais de 30 impérios, reinos e grão-ducados com extensão e coesão que se aproximam da noção de estado. Em todos eles – até na única República, Veneza -, o poder se concentrava nas mãos de um único indivíduo, em geral um homem (a rainha Joana de Castela era a única governante mulher do mundo naquele ano). Alguns reis herdaram seus Tronos por Nascimento. Outros foram eleitos (embora nenhum tenha sido eleito democraticamente). alguns, como Jungjong, da dinastia Joseon (Coreia), ascenderam ao trono por meio de violência. Havia Reis jovens (Jaime V da Escócia tinha só cinco anos em 1517) e velhos (Sigismundo I, rei da Polônia e grão-duque da Lituânia, viveu até os 85 anos). Alguns governantes titulares eram fracos, em particular ou Imperador Go-Kashiwabara, do Japão, onde o verdadeiro poder se encontrava nas mãos do xogum Ashikaga Yoshiaki. O poder relativo de proprietários menores de terra variava de lugar para lugar. Alguns reinos, como Ryukyu, durante o governo de ShoShin, eram pacíficos. Outros – em particular, a Escócia – estavam sendo assolados pela discórdia. Contudo, a maioria dos primeiros Monarcas modernos apreciava um tipo de poder pessoal sem entraves – inclusive o poder de vida e morte sobre os súditos – que hoje em dia existe somente em alguns poucos estados da Ásia Central e oriental. apesar de separados por milhares de quilômetros autocratas asiáticos de sucesso como Krishnadevaraya, o Imperador de Vijayanagara – o mais poderoso governante hindu no início do século XVI -, se comportavam de maneira impressionantemente similar aos seus contemporâneos da Europa renascentista, orgulhando-se de suas proezas marciais e judiciais, patrocinando as artes e a literatura.

A partir do início da década de 1500, esse mundo de hierarquias civil sobre um ataque duplo de redes revolucionárias. Armados de sua tecnologia de navegação superior e buscando novas oportunidades comerciais, os descobridores e conquistadores da Europa Ocidental viajaram para outros continentes em números cada vez maiores, derrubando – com ajuda dos patógenos que os acompanharam -, todos os governantes estabelecidos na América e estabelecendo uma rede global de entrepostos fortificadas que correram mais lentamente a soberania dos regimes asiáticos e africanos. Ao mesmo tempo, disseminado tanto por meio da prensa móvel quanto pelos púlpitos, um vírus religioso que passou a ser conhecido como o protestantismo perturbou uma hierarquia eclesiástica cuja linhagem poderia ser traçada até São Pedro. As consequências da reforma foram sentidas primeiro na Europa e se provaram, sem dúvida, terríveis.

III Letras e lojas

17 – As consequências econômicas da reforma

Uma resposta é que, apesar do desejo de Lutero de purificar a igreja, a reforma levou a uma realocação de recursos, em larga escala, das atividades religiosas para as atividades seculares. Dois terços dos Mosteiros nos territórios protestantes da Alemanha foram fechados, com essas terras e outros bens sendo, na maioria, apropriados por governantes seculares e vendidos a súditos ricos, como também aconteceu na Inglaterra. Parcela crescente de alunos universitários desistiu de quaisquer planos de optar pela vida monástica, voltando a atenção para vocações mais terrenas.

Antes da reforma, a vida cultural na Europa havia girado expressivamente em torno de Roma. Depois da revolução de Lutero, a rede da cultura europeia mudou por completo. Com base em dados sobre locais de nascimento e morte dos pensadores europeus, é possível traçar a emergência de duas redes interpolados: um regime de “o vencedor leva tudo”, centrado de forma maciça nos arredores de Paris, e um regime de “os mais capazes se tornam mais ricos”, em que muitos subcentros competiam entre si em agrupamentos espalhados pela Europa central e pelo norte da Itália. Depois de 1500, nem todos os caminhos levam a Roma (ver gravura 10).

18 – Trocando ideias

Enquanto alguns umas massacravam outros estudavam.

Em cada caso, o compartilhamento de ideias novas dentro das redes de acadêmicos gerou avanços impressionantes nas ciências naturais e na filosofia. Como ocorrerá com o alastramento da tecnologia da impressão, havia um padrão geográfico para o alastramento da ciência que pode ser reconstruído com base nas carreiras de cientistas individuais. No século XVI, o Polo principal da rede científica era Pádua, que estava no centro de um agrupamento de outras cidades universitárias italianas. Havia laços desse agrupamento com outras nove cidades importantes no sul da Europa, e com as distantes Oxford, Cambridge e Londres. Dois nódulos alemães – Wittenberg e Jena – estavam conectar dados somente um ao outro. No decorrer do século XVII, juntaram-se a Pádua quatro outros polos de atividade científica: Londres, Leiden, Paris e Jena. Copenhague se tornou um dos muitos nódulos novos na periferia geográfica.

Os estatutos da real sociedade eram explícitos a respeito de propiciar ao seu presidente, conselho e membros, seus sucessores, a liberdade de “gozando informações e conhecimento mútuos com todos e com toda espécie de estranhos e estrangeiros, seja indivíduo um colegiado, corporativos ou políticos, sem qualquer assédio, interrupção ou interferência de nenhum tipo” (ênfase acrescentada). A única condição era que o compartilhamento de informações ser do interesse dela.

Em contraste, a academia de ciências de Paris era, na origem, propriedade privada da coroa. Reuniu-se pela primeira vez em 22 de dezembro de 1666 na biblioteca do Rei, e tinha uma política oficial de sigilo. Todas as discussões de deliberações eram em particular, e os que não eram membros eram barrados das sessões. Os membros estavam, portanto, efetivamente afastados da rede pan-europeia que, com seu rápido crescimento, geraria a revolução científica. Boa parte da Europa católica mantinha posição semelhante.

Não era apenas teoremas matemáticos que estavam sendo trocados no século XVIII. As redes criadas pelo comércio e pela migração transatlânticos, a essa altura, cresciam de modo exponencial, enquanto os Mercadores e colonos europeus exploravam os custos de transporte em rápida queda e a disponibilidade de terra efetivamente grátis na América no Norte, assim como o trabalho escravo barato no oeste da África. A economia do Atlântico no século XVIII havia sido descrita como “uma enorme rede de comércio em que não somente todos conheciam todos, mas também todos tinham amigos que tinham amigos”. Seria mais correto pensar em redes múltiplas interconectados, com os pontos principais como polo.

19 – Redes do Iluminismo

Somos tentados a pensar no Iluminismo como um fenômeno cosmopolita, ligados a philosophes e literati por toda a Europa, de Glasgow a São Petersburgo. Entretanto, as correspondências dos principais pensadores do século XVIII se revelam, a uma inspeção mais detalhada, estar agrupadas de modo mais nacional. A rede de Voltaire de mais de 1400 correspondentes, por exemplo, era 70% francesa.

Embora tendamos a supor Continuidade significativas entre a revolução científica e o Iluminismo, havia, na realidade, poucos cientistas praticantes na rede, embora muitos fossem membros de instituições como a Academia Francesa e Academia Real de Ciência. Era uma república de letras mais do que uma república de números, uma rede de ensaístas mais do que de experimentadores.

Como os iluministas franceses, os literati escoceses pensavam em termos globais, mas agiam em termos nacionais, a julgar pela correspondência de dez eminentes escocês, inclusive Hume e Smith (ver figura 15). Dez vezes mais carta chegaram a Glasgow e Edimburgo, ou partiram dessas cidades, do que as que chegaram a Paris ou foram de lá enviadas. No entanto, Londres tinha importância maior do que Glasgow: tratava-se de uma rede britânica, não escocesa. De qualquer forma, o Iluminismo não era um curso de correspondência; nem eram suas luzes-guias meros correspondes. Como tutor do duque de Buccleuch, Adam Smith visitou Paris, onde conheceu (entre outros eruditos) D’Alembert, o fisiocrata François Quesnay e Benjamin Franklin. A república das cartas era móvel. Os grandes pensadores do século XVIII também eram Pioneiros do Turismo.

Franklin era um polímata autodidata.

Foi Somente depois de uma viagem à Londres naquele ano que a parcela de não americanos entre os seus correspondentes pulou de zero para quase a quarta parte. Embora Franklin nunca tenha se correspondido com seu quase contemporâneo Voltaire, as visitas do primeiro Europa garantiram que ele se tornasse parte totalmente integral da rede do Iluminismo.

20 – Redes da revolução

“De viver dentro do compasso e agir dentro do Esquadro”.

 De muitas maneiras, a intenção da constituição que emergiu nas discussões deles na década de 1780 era institucionalizar uma ordem política anti hierárquica. Com profunda ciência dos destinos que acometeram os experimentos republicanos no mundo antigo e no início da Europa moderna, os fundadores criaram um sistema que tanto separava quanto desenvolvia o poder, restringindo bastante a autoridade executiva do presidente eleito. No primeiro artigo de The Federalist Papers [os ensaios federalistas], Alexander Hamilton identificou com clareza o perigo principal que a jovem nação norte-americana enfrentaria:

[Uma] ambição perigosa se oculta com mais frequência por trás da máscara ilusória do zelo pelos direitos das pessoas do que sob a aparência proibida do zelo pela firmeza e eficiência do governo. A história nos ensinar a que a primeira tem prado uma estrada bem mais reta a introdução do despotismo do que a segunda, e que, desses homens que vem subvertendo as liberdades das repúblicas, a maioria começou a carreira cortejando obsequiosamente o povo; princípio, demagogos, e, ao final, tiranos.

O fato de o sistema norte-americano ter funcionado tão bem espantou visitantes europeus, em particular os franceses, onde a república criada em 1792 durou precisamente doze anos. O teórico social e político francês Alexis de Tocqueville considerou a vitalidade da vida das associações norte-americanas, em conjunto com a natureza descentralizada do sistema Federal, como as chaves do Sucesso da nova democracia.

Nos Estados Unidos, associações são implantadas a fim de promover a segurança pública, o comércio a indústria, a moralidade e a religião. Não há nada que a vontade humana perca a esperança de obter por meio do poder de indivíduos Unidos em sociedade.

O contraste com as estruturas políticas e sociais da sua França nativa fascinavam Tocqueville. Por que a revolução de lá – localizada em um dos polos cruciais do Iluminismo – produziu os resultados tão desapontadoramente diferentes?

IV – A restauração da hierarquia

21 – O vermelho e o negro

Contudo, o século XIX foi uma época em que – a passos lentos, mas determinados – as energias revolucionárias que haviam sido desencadeadas pela prensa de tipos móveis eram contidas em novas estruturas de poder. Se não fosse trazendo os Bourbon de volta, então como seria?

Revolução com base em redes – a Reforma, a Revolução Científica e o Iluminismo – haviam transformado de maneira profunda a civilização ocidental. Revolução política, não somente nos Estados Unidos e na França, mas também por toda a Europa e na América, haviam prometido uma nova era democrática baseada no ideal da Fraternidade Universal anunciada pela Maçonaria e invocada com entusiasmo na “Ode à alegria “de Schiller. Essa promessa não foi cumprida. Para entender por que a vantagem passou de volta das redes as hierarquias, precisamos mais uma vez evitar a noção de uma falsa dicotomia entre as duas. Mesmo a estratificação opressora na França da década de 1820 ostentava uma arquitetura de redes que lhe era característica. Como vimos, a maioria das redes são e hierárquicas em alguns aspectos, no sentido de que alguns nódulos são mais centrais do que outros, enquanto hierarquias são apenas tipos especiais de redes em que o fluxo de informação ou recursos estão restritos a certas arestas a fim de maximizar a centralidade do nódulo governante.

Ao tentar remontar a ordem política na Europa após o tumulto da Revolução Francesa e das Guerras Napoleônicas, os estadistas que se reuniram no Congresso de Viena criaram outro tipo de rede simples: uma pentarquia de cinco grandes potências que, por sua própria natureza, tinham um número finito de maneiras pelas quais conseguiriam obter o equilíbrio. O seu sucesso era baseado em parte nessa simplicidade em si. O equilíbrio de poder, como veremos, tomava como certo que a maioria dos Estados europeus não importava: o equilíbrio dependia das relações entre Áustria, Grã-Bretanha, França, Prússia e Rússia, e apenas essas cinco Nações (ver gravura 13).

A diferença era que as hierarquias reais, aristocráticas e eclesiásticas se tornaram constantemente melhores no que dizia respeito a anexar todas essas redes, utilizando as suas energias criativas e subjugando-as a sua vontade.

22 – Da multidão à tirania

A questão é que, diferentemente das colônias inglesas na América – mas como de então -, a insurreição levou de forma inevitável à anarquia e, em seguida, à tirania, como havia sido predito pela teoria política clássica.

O homem que restaurou a ordem na França (embora ele tenha feito o oposto no resto da Europa) possuía uma energia Sobrenatural. A ascensão de Napoleão Bonaparte da obscuridade na Córsega ao comando da artilharia do exército revolucionário da Itália – uma promoção que ele recebeu no auge do terror – foi possível, sem dúvida, devido ao colapso do sistema aristocrático que ele teria barrado o caminho antes de 1789.

Nunca época de caos, é o administrador detalhista que ascende – o homem que, por instinto, toma todas as tarefas para si.

Como regra geral, ele passava apenas dez minutos a mesa do jantar, e sem quando comia com a família nos domingos à noite; nessas noites, ele permanecia por até meia hora.

Napoleão dormia em muitas sonecas curtas, interrompidas quando bem entendia, tanto durante a noite quanto durante o dia.

Com sua presunçosa autoconfiança, Napoleão se empenhou para governar não apenas a França, mas toda a Europa como se fosse um único vasto exército que pudesse ser comandado – dominado por pura força de vontade. Em muitos aspectos, ele foi o último dos absolutistas iluministas: uma versão francesa de Frederico, ou Grande. Entretanto, também foi o primeiro dos ditadores modernos.

O problema era que, o envolveu nos adornos do governo legítimo, apropriando-se da iconografia e dos emblemas da realeza egípcia, Romana e dos Habsburgo, Napoleão nunca conseguiria obter o único fator do qual os sistemas hierárquicos, em última análise, dependiam (e insistiam em ter): legitimidade.

23 – Ordem restaurada

Nas palavras de Kissinger, a Grã-Bretanha era o “equilibrador”. O resultado foi uma ordem europeia que durou até o século. Foi somente a queda de Otto von Bismarck e a não renovação do Tratado Secreto de Resseguro entre Alemanha e a Rússia – “talvez o fio mais importante da trama do sistema de Bismarck de alianças interpoladas” – que tornou o sistema tão rígido ao ponto de se tornar frágil, e até inflamável.

Os Estados de segunda, terceira e quarta categoria se submetem em silêncio e sem estipulação prévia alguma às decisões tomadas em conjunto pelas potências preponderantes; e a Europa parece formar finalmente uma grande família política, unida sob os auspícios de um areópago criado por ela mesma.

Em termos diferentes, a ordem internacional era agora, de maneira clara, um sistema hierárquico, mas com cinco polos desempenhando o papel dominante. Esses cinco nódulos eram capazes de se conectar numa variedade de combinações distintas – e podiam até brigar entre si -, mas entre 1815 e 1914 eles nunca foram todos a guerra. Embora o sistema não fosse estável o bastante para evitar a guerra por completo os conflitos entre Waterloo e o Marne foram bem menos destrutivos do que aquele que ocorreu antes e aquele que viria a seguir. Mesmo a maior guerra europeia do século XIX – a Guerra da Crimeia (1853-56), que lançou a Grã-Bretanha e a França contra a Rússia – foi de ordem de magnitude menor do que as guerras napoleônicas.

 Como veremos, nenhuma explicação da origem da primeira guerra mundial está completa se não conseguir explicar por que esse deixou de ser o caso em 1914.

24 – A casa de Saxe-Coburgo-Gota

Por algum tempo pareceu que a visão que havia inspirado Leopoldo I tinha se concretizado: de Atenas a Berlim, de Bucareste a Copenhague, de Darmstadt a Londres, de Madrid a Oslo, de Estocolmo a Sofia e até em São Petersburgo, os Saxe-Coburgo governavam. Quando o futuro Eduardo VIII nasceu, em 1894, Vitória insistiu em que o seu bisneto fosse batizado Alberto – talvez para carimbar o selo da conquista familiar.

25 – A casa de Rothschild

As conquistas dos Rothschild marcaram época. Nunca tinha havido uma concentração maior de capital financeiro do que o acumulado pela família Rothschld nas décadas de meados do século XIX. Em 1828, o seu capital combinado já excedia o de seus rivais mais próximos, os Baring, por uma ordem de grandeza. Uma explicação estritamente econômica de seu sucesso enfatizaria as inovações que eles introduziram no mercado internacional para débitos governamentais, e as formas como o capital acumulado de forma rápida lhes permitiram se expandir para os mercados de letras comerciais, produtos de base, e outros seguros. Entretanto, é importante também entender a estrutura característica que os Rothschild deram a seus negócios, que era, ao mesmo tempo, uma parceria estritamente governada pela família e uma multinacional – uma única “preocupação comum geral” com “casas” filiadas em Frankfurt, Londres, Viena, Paris e Nápoles. Os Rothschild resistiram às forças centrífugas em parte graças aos casamentos consanguíneos.

Há muito tempo se acredita que Nathan Rothschild foi o primeiro homem em Londres a saber da notícia da derrota de Napoleão em Waterloo, graças a velocidade com que um mensageiro de Rothschild foi capaz de passar o quinto e conclusivo boletim extraordinário (emitido em Bruxelas durante a noite de 18 para 19 de junho) por meio de Dunquerque e Deal até chegar a Nova Corte, em torno de 24 horas mais tarde – pelo menos 36 horas antes de o major Henry Percy entregaram despacho oficial de Wellington ao gabinete.

Os Rothschild são os prodígios do mundo bancário moderno […] mantendo um continente inteiro na palma da mão […]. Nenhum gabinete se move sem o conselho deles.

Os Rothschild se tornarão os soberanos metálicos da Europa. De seus diferentes estabelecimentos em Paris, Londres, Viena, Frankfurt e Nápoles, eles obtiveram um controle sobre o câmbio europeu que nenhum grupo conseguiu antes, e agora parecem segurar o cordão da bolsa pública. Nenhum soberano hoje conseguiria obter um empréstimo sem o auxílio dele.

Enquanto Rothschild precisou dos Estados para se tornar Rothschild, ele agora não mais precisa do Estado, mas o estado ainda necessita dele.

Aqui estava outro aspecto no qual a ordem hierárquica não havia sido exatamente restaurada, mas rearranjada, após 1815. O grupo de parentesco estendido que era a casa de Saxe-Coburgo-Gota talvez desse à nova ordem a legitimidade da genealogia real. No entanto, era a nova e rica casa de Rothschild – com as suas novas redes de crédito e informações – que dava Segurança ao monarquismo europeu.

26 – Redes industriais

Assim como as revoluções intelectuais e políticas do século XIX, a Revolução Industrial foi o produto das redes. Nenhum governante a ordenou, embora algumas ações governamentais (em particular as leis discriminando contra importações de tecidos da Índia) a tenham ajudado. Em adição às redes de crédito como aquela a que Nathan Rothschild pertencia, havia também as redes de capital, que permitiam a empresários e investidores juntar informações e recursos, e as redes tecnológicas, que permitiam a troca de inovações que aumentavam a produtividade. James Watt não teria conseguido aprimorar o seu motor a vapor se não tivesse pertencido a uma rede que também incluía o professor Joseph Black, da Universidade de Glasgow, e os membros da Sociedade Lunar, de Birmingham.

O enigma central da história britânica na era da industrialização é o porquê de a revolução econômica não ter sido associada a revolução política. Colocando a questão de maneira diferente, por que as redes que surgiram na Inglaterra e na Escócia no final do século XVIII eram poderosas o bastante para a fábrica moderna, não o bar de derrubar as hierarquias monárquicas, aristocratas e eclesiástica do Reino Unido? Por todo o continente europeu em 1848, as pessoas que haviam assinado petições sobre uma queixa ou outra eram arrastadas para outra onda de revoluções – desta vez se entendendo até Berlim e Viena, e levando a queda de Metternich.

Parte da explicação é que a política de do século XVIII fez bastante para inculcar nas “ordens inferiores” a ideia de que a, como “bretões”, eles tinham compromisso patriótico com a ordem social existente.

Outra parte da resposta é que a elite britânica se adaptou com habilidade considerável as condições da era industrial, que eram de rápido desenvolvimento.

Em 1816, o número de assinaturas em petições contra o início do Comércio de escravos na França era 1,375 milhões. A digitação foi ainda maior em 1833, quando o Parlamento recebeu petições com quase 1,5 milhões de assinaturas, inclusive uma com 800 metros de comprimento, assinada por 350 mil mulheres e costurada numa única lista pela filha de Thomas Fowell Buxton, Priscilla. O movimento abolicionista foi um autêntico fenômeno com base nas redes. Entretanto, diferentemente das colônias norte-americanas e da França, essa rede nunca ameaçou levar o país a uma revolução. Um motivo Óbvio para isso era que a questão envolvia os interesses de pessoas muito distantes das Ilhas britânicas: escravos africanos e agricultores das Antilhas. Um segundo motivo foi que, embora ela tenha arrastado o processo de decisão na década de 1790, a responda com a relativa rapidez a pressão que vinha de fora do Parlamento, abolindo o comércio de escravos em 1807 e, em seguida, emancipando quase 800 mil escravos em possessões britânicas em 1833. O terceiro e derradeiro motivo foi que os agricultores das Antilhas formavam um grupo de interesse pequeno demais para exercer o poder de veto.

27 – Da pentarquia à hegemonia

O desafio da Revolução Francesa aos outros estados europeus foi finalmente superado pela imposição de um novo acordo sob a supervisão coletiva das cinco grandes potências, entre elas uma monarquia francesa restaurada.

O mapa do mundo em 1900 era um quebra-cabeça Imperial, com 11 e impérios ocidentais controlando parcela desproporcionais (58% ao todo) do território terrestre, da população (57%) e produção econômica (74%). Até os Estados Unidos adquiriram colônias no ultramar.

O império também era governado com pouco regular. Entre 1858 e 1947, era rara haver mais do que mil membro do pactuados serviço civil da Índia (Indian. Civil Service – ICS), em comparação com uma população total que, ao fim do governo britânico, excedia 400 milhões de habitantes. Essa alocação mirada de pessoal não era exclusiva da Índia. A Ele termina extrativa inteira do serviço Colonial africano, espalhada por mais de uma dúzia de colônia com uma população de cerca de 43 milhões de habitantes, totaliza vá pouco mais de 1200 pessoas. Como isso era possível? Como é possível que o maior Império da história do mundo fosse, ao mesmo tempo – No termo derrogatório cunhado pela socialista alemão Ferdinand Lassalle em 1862 -, um Estado “vigia noturno”?

V – Cavaleiros da Távola Redonda

29 – Império

Mesmo que a Távola Redonda não tenha governado o mundo, é inegável que um número muito pequeno de homens inglesas dirigia uma grande parcela do mundo. Repetindo: como isso era possível?

Uma parte de resposta a essa questão está na maneira como os britânicos absorveram em seu império as estruturas existentes de poder local.

No entanto, o Império britânico não teria conseguido atingir extensões tão vastas nem teria durado tanto tempo, caso tivesse apoiado apenas na hierarquia – sem falar no esnobismo. As redes revolucionárias não evaporaram no século XIX. Pelo contrário, com a disseminação da doutrina de Karl Marx entre os intelectuais e Operários, nasceu uma das maiores redes da era moderna: a rede socialista. Outros movimentos revolucionários, do anarquismo ao feminismo e ao nacionalismo radical, também floresceram no fim do século XIX. Contudo, as estruturas hierárquicas da época – os impérios e os estados-nações – foram capazes de dominar com bastante facilidade essas redes, mesmo quando elas recorriam ao terrorismo. Isso se deu porque as novas tecnologias de comunicação criadas pela Revolução Industrial – A Ferrovia, o navio a vapor, o telégrafo e, mais tarde, o telefone, assim como os serviços de correio nacionais e os jornais – não apenas geraram redes muito maiores do que conseguiram os socialistas, mesmo obter obtiveram em a miríade de formas de organizações trabalhistas que proliferaram nas economias industriais, mas também se prestavam bem ao controle centralizado.

Nas palavras de Charles Bright, um Apóstolo da nova tecnologia, o Telégrafo era “o sistema mundial de nervos elétricos”. Como afirmou um emitente comentarista Imperial, a revolução vitoriana nas comunicações globais conseguiu “a aniquilação das distâncias”. Ela também tornou possível a aniquilação a longas distâncias. “O tempo em si torna-se inexistente devido ao telégrafo, proclamou o Daily Telegraph. O mesmo destino sofria os Rebeldes que se atreviam a desafiar a ordem do mundo Imperial.

Um dos motivos principais para a dimensão e a durabilidade do Império Britânico, portanto, foi o toque relativamente leve da autoridade Central. Embora a sua teoria seja hierárquica – de fato, como fez John Buchan, teórico racionais vitorianos classificavam a humanidade de acordo com os níveis e herdados de inteligência -, a prática era delegar poder considerável aos governantes locais e a rede privadas. Diferentemente do curto Império europeu de Napoleão, o Império Britânico não era dirigido por um gênio da micro administração, mas por um clube de amadores cavalheirescos, cuja superioridade aparentemente sem esforço depende do empenho pouco celebrado dos agentes locais e dos colaboradores nativos. Quase todos os aspectos da expansão britânica foram administrados desta maneira, desde as finanças até o trabalho missionário. A “sede” Londres, mas o “homem no local” sinal de” virar Nativo”. Em alguns casos, a influência britânica se espalhou com quase nenhum direcionamento Central.

 As redes dos notáveis – Honoratioren -, cujas famílias haviam dominado as estruturas do Poder local por gerações, passaram a oferecer ataques constantes não apenas dos novos partidos políticos nacionais, mas também das burocracias crescentes nos níveis nacional, regional e local. O grande sociólogo Max Weber (cuja luta para se provar como o tipo ideal de professor teutônico o levou a um colapso nervoso) entendia esse avanço como uma racionalização do processo político e uma desmistificação do mundo. Contudo, ele também discerniu o poder que os demagogos seriam capazes de exercer em um Panorama político cada vez mais desnudado das redes tradicionais.

30 – Taiping

No entanto, é difícil acreditar que o movimento Taiping teria obtido tanto sucesso se não fosse pelas influências externas que estavam, ao mesmo tempo, trabalhando para enfraquecer o governo Qing. A primeira dessas influências foi a exportação agressiva de ópio da companhia das Índias orientais para China. A segunda foram os armamentos que os europeus estavam igualmente dispostos a vender. A pura brutalidade da política britânica só se justifica com dificuldade.

Em resumo, o movimento de Taiping foi uma forma mutante do cristianismo, que adotou não apenas um pouco da linguagem do cristianismo, mas também algumas práticas cristãs, em particular o batismo e a iconoclastia. O que os missionários não haviam previsto era a prontidão com que os fiéis orientais adotariam os elementos mais militantes da religião, como se intencionasse reproduzir conscientemente a guerra dos trinta anos na China. Um estandarte na sala do trono de Taiping era inequívoco: “A ordem veio de Deus para matar o inimigo e unir todas as montanhas e rios em um único reino”.

31 – “Os chineses precisam ir embora”

A pobreza sozinha raramente basta para compelir emigrações em massa. O que é necessário é a desordem política em casa e a perspectiva de um habitat, mas estável onde for possível chegar. O período entre cerca de 1840 e 1940 exibiu em torno de 150 milhões de pessoas vivendo nas duas extremidades do continente eurasiano – Europa e China – com ambos os fatores. Revoluções, guerras, e as misérias que as acompanham, coincidiram com o declínio pronunciado nos custos de transporte. O resultado foi um Êxodo – ou, para ser preciso, três êxodos, cada um de magnitude comparável. A mais conhecida migração (55-58 milhões de pessoas) foi a da Europa para a América, principalmente para os Estados Unidos. As menos familiares foram os grandes fluxos de chineses e indianos para o Sudeste da Ásia, para a orla do Oceano Índico e para a Austrália (48-52 milhões) e dos Russos e outros para a Manchúria, a Sibéria e a Ásia Central. Um Enigma histórico é porque não houve um fluxo maior de chineses para os Estados Unidos.

O relatório da Comissão Especial Mista para Investigar a Imigração Chinesa, de 1877, oferece um vislumbre da época. “A costa do Pacífico deve, no devido tempo, se tornar ou mongol ou norte-americana” era a opinião da comissão. Os chineses trouxeram com eles os hábitos do governo despótico, a tendência a mentir no tribunal, o gosto pela sonegação de impostos e “capacidade cerebral insuficientemente […] para proporcionar [a] força motora para o autogoverno”. Além disso, as mulheres chinesas eram “trazidas e vendidas para a prostituição e tratadas pior do que cães”, enquanto os chineses eram “cruéis e indiferentes aos enfermos”. Dar a cidadania a ser estão inferiores declarou o relatório da comissão, “praticamente destruiria as instituições republicanas da Costa do Pacífico”.

No entanto cada país e, de fato, cada região tinha os seus elementos populistas característicos. Se havia ressentimentos contra os chineses na costa oeste na década de 1870, os irlandeses eram o alvo do escárnio no Leste, enquanto os populistas alemães e franceses direcionavam o seu antagonismo contra os judeus que migravam da Europa Oriental para o Oeste. Nas décadas de 1891 e 1900, com a onda de imigração de judeus da zona de assentamento na Rússia para os Estados Unidos, antissemitismo se alastrou para o outro lado do Atlântico. De forma paradoxal, os oponentes da imigração ao mesmo tempo menosprezavam a pobreza dos recém-chegados e exageravam o poder dos Seus supostos líderes.

32 – A União Sul-Africana

O problema dos paulistas não era o seu diagnóstico: em um mundo globalizado e conectado por redes, a desigualdade estava mesmo crescendo porque a mão de obra imigrante estava erodindo os salários dos trabalhadores nascidos no próprio país, enquanto os lucros das grandes concentrações de capital industrial e financeiro fluíam para uma elite minúscula. O problema era que a Soluções dos populistas pareciam ser insuficientes: como a tarifas impostas nas exportações, o impacto da exclusão dos Imigrantes chineses foi quase imperceptível na vida dos trabalhadores norte-americanos. Enquanto Isso, os críticos do padrão-ouro perderam muito de sua força à medida que novas descobertas enormes de ouro – em especial na África do Sul – Diminuíram as pressões de fracionárias que vinham instigando o populismo, forçando para baixo os preços da agricultura e outros. Na virada do século, a iniciativa havia passado dos populistas para os progressistas – ou social-democratas, como eram conhecidos na Europa, onde a mão de obra organizada era muito mais suscetível às teorias de Karl Marx e seus discípulos. As soluções dos progressistas – que incluíam taxação direta mais alta, pensões estatais, regulamentação maior do mercado de mão de obra, enfraquecimento dos monopólios privados e da propriedade pública de utilidades – eram, em última análise, mais convenientes e negociáveis em termos políticos do que tinham sido as dos populistas.

34 – Armageddon

Entretanto, não haverá nenhum veredito final neste caso, pois a busca que já dura séculos pela culpa da Guerra é uma empreitada fútil. Uma guerra geral europeia foi deflagrada em 1914 pelo simples motivo de ordem estabelecida em Viena em 1815 se estilhaçou. A pergunta histórica correta a fazer é “por que isso aconteceu” não “de quem é a culpa”.

Segundo relato clássico de Henry Kissinger, pentarquia deixou de ser estável por quê, com a Alemanha unificada e com a França se revelando um adversário fixo, o sistema perdeu a flexibilidade. A Partir de 1871, o sistema depende do prodigioso diplomata Bismarck para manter em equilíbrio. O estratagema principal era o tratado secreto de Resseguro que Bismarck havia assinado com o ministro Russo das relações exteriores, Nikolay Girs, em junho de 1887, pelo qual tanto a Alemanha quanto a Rússia concordavam em manter a neutralidade caso uma delas se envolvesse em uma guerra com um terceiro país, a não ser que a Alemanha atacasse a França ou que a Rússia atacasse o império Austro-Húngaro. Tratado comprometia a Alemanha a neutralidade se a Rússia tentasse tomar o controle dos estreitos que conduzem ao Mar Negro, Mas a questão real era desencorajar os russos te buscar um Tratado de defesa mútua com a França, que foi exatamente o que aconteceu depois que a queda de Bismarck levou a não renovação do tratado secreto de Resseguro. “De maneira paradoxal”, nas palavras de Kissinger, “era precisamente aquela ambiguidade que havia preservado a flexibilidade do equilíbrio europeu. E o seu abandono […] fez principiar uma sequência de confrontos cada vez maiores, culminando na primeira guerra mundial. Após a saída de Bismarck, argumentou Kissinger, o sistema de grandes potências “agravou”, em vez de “abrandar”, as disputas. Com o tempo, “os líderes políticos perderam o controle sobre as suas próprias táticas” e, “no fim, o planejamento militar derrotou a diplomacia”. A partir de 1890, em outras palavras, havia uma probabilidade significativa de um conflito que colocasse a Alemanha e o império Austro-Húngaro contra a França e a Rússia. O que houve de surpreendente não foi que tal guerra tinha acontecido em 1914, mas que não tivesse acontecido mais cedo.

O notório Ultimato austríaco Belgrado não era diferente, de nenhum modo significativo, do tipo de demanda que havia sido feita dos Estados de segunda categoria na década de 1820.* Ao tempo, nenhuma das outras duas potências, França e Grã-Bretanha, com conseguiu com consegui ar argumento o bastante para dissuadir as outras de ir à guerra pelo Bálcãs: os franceses porque havia assumido um compromisso crítico na aliança com a Rússia, e os ingleses porque não conseguiam ver um meio de desencorajar a Alemanha que não provocasse a Rússia e a França.

VI – Pestes e flautistas

35 – Greenmantle

Novas e extremas formas de nacionalismo produziram virulentos movimentos fascistas em quase todos os países europeus. Tais ideologias eram tão contagiosas que mesmo os afortunados ingleses nos isolados claustros da Universidade de Cambridge foram infectados. Havia uma peste Econômica também este da inflamação, que não a Alemanha, mas também à Austrália, à Polônia e à Rússia. Quando Confrontamos com Tais pestes, os povos buscaram os flautistas: homens que ofereciam liderança carismática e soluções dramáticas. Como o povo da Hamelin medieval, porém, aqueles que deram poder aos flautistas pagaram com a vida de suas crianças.

Todos estavam alinhados com as Potências Centrais.

Mas resta o fato de que a visão alemã de uma revolta muçulmana generalizada contra a Entente não se materializou. Por que foi assim? Parte da explicação seria uma mistura da incompetência alemã e da contraespionagem britânica e francesa. O explorador Leo Frobenius por pouco não foi capturado a caminho da Eritreia, e acabou deportado de volta à Europa pelas autoridades italianas.

Mas havia um problema mais profundo. A realidade era que o chamado da jihad simplesmente não ressoou muito além das províncias centrais otomanas. Por exemplo, tendo permitido a exploração de Abadan pelo Anglo-Persian Oil Company, o xeique Khaz’al optou por ignorar o apelo do grande mujtahid pela unidade muçulmana e ficou com os britânicos.

em resumo, o “pan-islamismo” que tinha sido propagandeado por homens como Oppenheim se revelou nada mais que uma miragem no deserto. Nenhuma quantidade de panfletos poderia ativar uma rede que simplesmente não existia” fora da imaginação dos orientalistas.

A revolta árabe que começou em 5 de junho de 1916 derrotou os alemães em seu próprio jogo e virou a maré contra os otomanos. Mas, para entender por que a Grã-Bretanha obteve êxito (com apoio francês) onde os alemães e otomanos falharam, precisamos compreender mais do que os famosos sucessos militares de T. E. Lawrence, o mais ávido proponente da independência árabe. É preciso também compreender que Lawrence estava trabalhando com uma ativa rede – aquela dos árabes nacionalistas – enquanto Oppenheim e seus confederados tentavam ativar uma rede dormente e largamente desconectada: a Ummah de todos os muçulmanos. O erro fatal que os alemães cometeram foi subestimar as estruturas formais do domínio otomano antes mesmo do início da guerra. Oppenheim gostava de achar que conhecia o mundo mulçumano, mas ele leu de maneira completamente equivocada as intenções dos hachemitas. Proclamar uma guerra santa global sem antes garantir a segurança dos lugares sagrados foi um erro elementar digno de um teutônico caricaturado pela pena de Buchan; da mesma forma que bastou a um herói buchanesco “viver entre os árabes, e imitar seu fundamento mental, tal como fizera Lawrence.

36 – A peste

Todos os planos alemães para ganhar a guerra por subterfúgio falharam, exceto um. A “conspiração Hindu Alemã” de enviar armas para nacionalistas indianos foi um fracasso, assim como o financiamento para a invasão da índia a partir do Sião. O carregamento alemão de 25 mil rifles russos para a Irlanda não logrou fazer do Levante da Páscoa uma revolução. Mais desesperado de todos foi o tosco lance de trazer o México para a guerra propondo a reconquista do Novo México, do Texas e do Arizona, cujos detalhes foram interceptados pela inteligência Britânica e passados aos Estados Unidos, pois, como vimos os telegramas transatlânticos dos alemães tinham que passar por uma estação de distribuição britânica. Mas o plano alemão que funcionou foi tão exitoso que quase revolucionou o mundo todo. Esse plano de enviar o líder bolchevique Vladimir Ilitch Lênin, então vivendo no exílio na Suíça, de volta para Rússia, no Esteio da revolução de fevereiro de 1917 que derrubou o czar Nicolau II.

Tendo sido alterado do potencial da doutrina do derrotismo revolucionário de lênin por dois revolucionários profissionais chamados Alexander Helphand (“Parvus”) e Alexander Keskula, o governo alemão deu a Lênin não apenas a passagem ferroviária de Zurique e Petrogrado – via Frankfurt, Berlim, Sassnitz e Estocolmo – mas também um vultoso financiamento para subverter o novo governo provisório. Em vez de prender Lênin e seus dezenove associados ao chegar, como eles muito mereciam, o governo provisório russo hesitou. Os bolcheviques puseram-se a trabalhar, comprando um novo quartel-general na área central da cidade (antiga residência da bailarina Mathilde Kvhesinskaia, notória cortesã real) e uma prensa particular, e literalmente dando dinheiro na mão de quem fosse às manifestações. Muitas narrativas ainda não dão conta que a Revolução bolchevique foi uma operação financiada pela Alemanha, ainda que muito facilitada pela incompetência dos liberais russos. Lênin teria encontrado seu fim depois do fracasso da primeira diva de golpe no início de junho e seu desmascaramento como a gente alemão no jornal Jivoe Slovo, o que levou a acusação formal contra ele e outros dez líderes bolcheviques.

Leon Trótski, um talentoso jornalista menchevique que tinha tentado a sorte junto a Lênin, foi solto da cadeia. Na segunda semana de outubro, uma vez que estava convencido de que as acusações contra ele tinham sido retiradas, Lênin retornou da Finlândia, para onde tinha fugido depois das Jornadas de julho. Daí por diante, ele é seus confederados planejaram a derrubada do governo provisório e dar tudo o poder aos sovietes de forma aberta. Nas primeiras horas do dia 25 de outubro de 1917, depois de superar um plano mal executado de cair sobre eles novamente, os bolcheviques deram um golpe de estado eles próprios.

 Quando ficou Claro – como no verão de 1918 – que mesmo o colapso total da Rússia não podia reverter a derrota das potências centrais, governos ao estilo soviético foram proclamados em Budapeste, Munique e Hamburgo. A bandeira vermelha foi desfraldada até na prefeitura de Glasgow. Exultante, Lênin sonhava com a União das Repúblicas Soviética da Europa e da Ásia. Trótski, de modo extravagante, declarou que o caminho para farinha de Londres passa pelas cidades de Afeganistão, do Punjabi e de Bengala. Mesmo as distantes Seattle e Buenos Aires experimentaram fortes greves. esta era uma pandemia proletária.

Como fazer uma evolução sem esquadrões de fuzilamento? perguntava Lênin. Se não podemos executar um guarda bancos sabotador, que sorte de grande revolução é essa?

Os levantes dos kulaks em [seus] Cinco distritos devem ser esmagados sem piedade…Deve-se fazer isso um exemplo. 1) Enforquem (e quero dizer enforquem de modo que as pessoas possam ver) não menos de cem notórios kulaks, homem ricos, sanguessuga. 2) Publiquem seus nomes. 3) Tome toda a sua produção de grãos. 4) Identifique em reféns…. Façam isso para quê por centenas de verstas à Volta as pessoas vejam, tremam, saibam e gritem: eles estão matando e continuaram a matar os sanguessugas kulaks… P. S. Encontrem pessoas mais duras.

Quando Lênin fez de Stálin “secretário-geral” do Comitê Central em abril de 1922, no entanto, ele subestimou gravemente suas habilidades como burocrata. Como única pessoa composições em três das mais poderosas instituições do partido – o politiburo, o orgburo e o secretariat – e como funcionário com mais pessoal, Stálin dedicou-se a estabelecer seu controle por uma combinação de rigor administrativo e malícia pessoal. Ele rapidamente estabeleceu seus seguidores fiéis nas localidades e, crucialmente, na polícia Secreta.

No auge do sistema Gulag, havia 476 campos espalhados por toda a União Soviética, cada um composto de centenas de campos individuais. Ao todo, por volta de 18 milhões de homens, mulheres e crianças passaram pelo Gulag sob Stálin. Levando em conta os 6 milhões ou 7 milhões de cidadãos soviéticos que foram enviados ao exílio, a parcela da população que experimentou algum tipo de Servidão penal sob Stálin aproxima-se de 15%.

Ninguém estava a salvo. Lênin tinha introduzido a prática do expurgo periódico do partido, para se livrar dos vagabundos, vândalos, aventureiros, bêbados e ladrões. Stálin, que compulsivamente desconfiava de seus camaradas comunistas, foi muito mais além. Poucos grupos foram mais duramente perseguidos na década de 1930 do que os velhos bolcheviques, que haviam sido camaradas de Stálin nos dias decisivos da revolução e da guerra civil. Funcionários veteranos do partido viviam em estado de perpétua insegurança, nunca sabendo se poderiam ser vítimas da paranoia de Stálin.

No final dos anos 1930, Stálin tinha transformado a União Soviética em um vasto campo de escravos, sendo ele próprio seu comandante. Era possível para ele sentar-se no balcão de sua datcha em Sotchi e ditar ordens que seriam imediatamente telegrafadas a Moscou, onde seria transformada em um edito formal, que seria então distribuído para baixo na pirâmide hierárquica do Partido comunista Soviético e, se necessário, a partidos comunistas no exterior. Funcionários locais não ousavam ignorar tais ordens, temendo que seu fracasso em obedecer a elas seria subsequentemente descoberto, levando a investigação, processo, condenação e possivelmente execução. O poder de Stálin assistir a empresa elementos distintos: controle total da burocracia do partido, controle total dos meios de comunicação – com a rede telefônica de Krêmlin como nó Central – e controle total da polícia secreta que empregava homens eles próprios amedrontados. Nenhum déspota oriental jamais teve tanto poder pessoal completo sobre um império, pois nenhuma hierarquia tinha logrado fazer da participação em redes extraoficiais – mesmo suspeita de participação algo tão aterradoramente perigoso.

37 – O princípio do líder

A maioria dos regimes fascista, começando com Benito Mussolini na Itália, se iniciou a partir de nomeações reais ou aristocráticas então rapidamente centralizou o poder. Internos de votos, o fascismo foi um fenômeno desproporcionalmente alemão; somente todos os votos individuais dados na Europa para um partido fascista ou para outro extremo nacionalista entre 1930 e 1935, e a enorme porcentagem de 96% dos votantes foram de língua alemã.

Ao contrário das velhas afirmações de que se tratava de um partido rural, ou do norte, ou das classes médias, o NSDAP atraiu apoio por toda a Alemanha e ao longo de todos o espectro social. Análises em nível dos distritos eleitorais mais importantes não deixam ver o essencial e exageram as diferenças entre as regiões.

Em suma, o Nacional socialismo era um movimento e Hitler, seu Líder carismático, se tornou viral entre 1930 e 1933. Para muitos observadores parecia um despertar religioso. Como explicou um Sturmabteilung “Nossos oponentes cometeram um erro fundamental ao nos igualar ao partido econômico, aos partidos Democráticos ou marxista. Todos esses partidos eram apenas grupos de interesse, lhes faltava alma, vínculo espirituais. Adolf Hitler emergiu como quem sustentava uma nova religião política. Os nazistas desenvolveram conscientemente uma liturgia, com o 9 de novembro (data da Revolução de 1918 e do fracassado putsch de 1923) como dia de Luto completo com fogueiras, coroa de flores, altares, relíquia manchadas de sangue e até um livro de mártires nazistas.

Um social-democrata anônimo chamou o regime de “contra igreja”. Mas ou nazismo não era literalmente religioso: o solo institucional a partir do Qual floresceu era uma rede pré-existente da vida secular associacional na Alemanha. Quanto mais densa a vida associacional de uma cidade, tanto mais rápido o partido nazista crescia.

Desde Mein Kampf Hitler acreditava firmemente no Fubrerprinzip – o princípio do líder – e seus seguidores aprenderam a trabalhar para Fuhrer. No cume do Terceiro Reich figurava o próprio Hitler. Abaixo dele vinha a elite de Oficiais de confiança: homens como Martin Bormann, Joseph Goebbels e Heinrich Himmler. Subordinados os líderes nacionais estavam os Gauleiter, ou líderes regionais, responsáveis pelos territórios coincidentes com os estados alemães, os Kreisleiter, responsáveis por cidades inteiras ou áreas metropolitanas, e os Ortsgruppenleiter e Stutzpunktleiter, os líderes locais. Mais abaixo estavam os Zellenleiter (líderes de células) e os Blockleiter, os líderes de bairros.

38 – A queda da Internacional Dourada

Teorias raciais sobre a inferioridade ou a malignidade judaica eram prevalentes nos dois lados do Atlântico muito antes de 1933. A novidade foi a ferocidade com que Hitler operou seu ódio contra os judeus até o amargo fim do genocídio. Muito antes da matança em massa ser discutida como uma possibilidade pela liderança nazista, no entanto, o regime já havia revelado um paradoxo.

Não se tratava de teoria da conspiração argumentar que os judeus desempenharam papel de destaque na economia alemã desde a década de 1830 até a de 1930.

Antes da Primeira Guerra Mundial virou os judeus perfazem menos de 1% da população, mas mais de um quinto dos Milionários prussianos eram judeus. Ademais, os judeus estavam sobre representados na governança corporativa alemã. Em 1914 cerca de 16% dos membros da diretoria das campanhas públicas alemãs tinham origem Judaica, aumentando para um quarto no centro da rede corporativa, onde indivíduos tinham três ou mais posições em diferentes diretorias. Mais de dois terços das grandes corporações alemãs tinha pelo menos um diretor judeu. O mesmo argumento pode ser sustentado sobre as alturas cerebrais da vida acadêmica e cultural alemã, onde os judeus eram também proeminentes, senão mais. A visível exceção estava na vida política, para a qual contribuiu de maneira mínima. Como apontou Hugo Valentim em 1936.

Por que era os judeus tão proeminentes na vida Econômica alemã? Seria meramente porque eles eram mais bem educados, na média? Seria sua mensurável centralidade na densa rede corporativa alemã de diretorias entrelaçadas simplesmente uma função de sua superprodução como banqueiros, que por sua vez os levava a ocupar múltiplas posições nas diretorias? Ou Será que havia uma vantagem especial em pertencer a uma comunidade que se incorporava na religião e na tradição, levando a níveis de maior confiança e incrustação social [social embeddedness]? em uma fascinante análise do sistema corporativo Alemão no início do século XX, Paul Windolf argumenta que:

Os membros de Deus não criaram uma rede própria, que fosse separada da rede corporativa mais ampla.

Mesmo que houvesse uma clara tendência de homofilia, os judeus tinham, na média, mais contatos com não Judeus do que com membros de seus próprios grupos.

Essa informação nos compete a buscar explicações mais intangíveis, como a genética, ou os benefícios educacionais da vida familiar judaica, ou algum tipo de ética judaica weberiana ainda mais alinhada com o capitalismo que a Ética protestante.

A ainda que por vez, depois de Hitler ascender ao poder, alguns judeus alemães tinham se sentido apanhados em uma rede de perseguição, na realidade haja agência burocracia burocrática múltiplas, hierarquicamente estruturadas, mas que competiam entre si. Começou com o boicote a estabelecimentos judeus, instigado pela Organização de Células Empresariais Nazistas (Nationalsozialistische Betriebszellenorganisation), pela Liga dos Empregados e Artesão de Classe Média (Kampfbund für den gewerblichen Mittelstand) e por seções da SA.

Só depois dos pogroms de 11 de novembro de 1938 é que o processo de expropriação realmente tomou força com a proibição formal de Hermann Goring de toda atividade Empresarial Judaica no Reich. Os judeus alemães a quem se permitiu emigrar foram SUS tematicamente roubados pelas autoridades de quase todas as suas propriedades antes de receberem seus vistos de saída.

Sete meses antes do início da Guerra, em 30 de janeiro de 1939 Hitler declarou claramente qual seria o destino dos judeus, em um discurso no Reichstag, detalhou A Teoria em que seu antissemitismo era baseado:

Por centenas de anos a Alemanha foi boa para receber estes elementos, ainda que eles não possuam sem nada exceto infecciosas doenças políticas e físicas. O que possuem hoje foi ganho em grande parte às custas da nação alemã, menos astuta, através das mais condenáveis manipulações.

Hoje estamos apenas pagando a essas pessoas porque merecem […] A nação alemã foi, graças a inflação instigada e operada pelos judeus privada de toda a poupança acumulada ao longo de anos de trabalho  honesto […] Estávamos determinados a prevenir o assentamento em nosso país de um Povo estranho que foi capaz de tomada para se todas as posições de liderança da nação, e expulsá-los […] A cultura alemã, como o nome indica, é alemã e não judaica, portanto sua gerência e cuidado será entregue aos membros de nossa própria nação.

O mundo tem espaço suficiente para assentamentos, mas precisamos nos livrar para sempre da opinião de que a raça Judaica foi criada por Deus com o propósito de ser em certa porcentagem um parasita vivendo do corpo e do trabalho produzido de outras Nações. A raça judia terá de ser adaptar a boa atividade construtiva como fazem as outras Nações, ou mais cedo ou mais tarde sucumbirá a uma crise de magnitude inconcebível.

Uma coisa que gostaria de dizer nesse dia que pode vir a ser memorável para nós alemães e para outros:  no curso de minha vida eu fui muitas vezes um profeta, e geralmente fui ridicularizado por isso. Durante o tempo de minha luta pelo poder foi primeiramente a raça Judaica que recebeu minhas profecias com risos, quando afirmei que um dia eu assumiria a liderança do estado e, com isso de toda a nação, e que eu então resolveria o problema judaico, entre outros. Suas gargalhadas foram ruidosas, mas eu creio que já faz algum tempo que eles estão a rir com o outro lado de suas faces. Hoje eu o novamente serei um profeta: se os financistas internacionais dentro e fora da Europa conseguiram empurrar as nações para mais uma guerra mundial, então a bolchevização da terra, trazendo com ela a vitória dos judeus, mas sim a aniquilação da raça judaica na Europa.

O segredo do sucesso totalitário é, em outras palavras, deslegitimar paralisar ou matar de uma vez quase todas as redes sociais fora das hierarquias institucionais do partido e do Estado, especialmente redes que aspiravam a ação política independente.

40 – Breve encontro

Ser poeta na Rússia de Stálin era estar isolado das redes.

41 – Ella no reformatório

Mais de 110 milhões de pessoas, todos homens, serviram nas Forças Armadas dos países beligerantes. Ao final da Guerra um quarto da força de trabalho Britânica estava em uniforme, bem como 18% da força de trabalho norte-americana e 16% da Soviética. Enormes proporções desses vastos exércitos nunca retornaram para casa. O total de mortos militares na Segunda Guerra Mundial foi cerca de 30 milhões (a contagem de mortes civis foi ainda maior). Aproximadamente um em quatro militares alemães perdeu a vida; a mortalidade no exército vermelho foi quase tão alta. Assim, os flautistas da Europa lideraram uma geração de garotos para suas mortes.

Para os homens que lutaram nas guerras mundiais e, era, Sem dúvida, natural trazer para a vida civil pelo menos alguns dos modos de operação que tinham aprendido de uniforme. No entanto, a experiência de guerra convencional em massa não é explicação suficiente para as estruturas verticalmente dispostas [top-down] de tantas organizações do século XX. Havia também uma conjuntura tecnológica que favorecia o controle a partir de cima. O Satirista Vienense Karl Kraus tinha acertado: a tecnologia das Comunicações de meados do século XX beneficiou pesadamente as hierarquias. Apesar do rádio e do telefone terem criado vastas novas redes, estas eram redes com estruturas Radial [hub and spoke], relativamente fáceis de cortar, grampear ou controlar. Como A imprensa, o cinema televisão, o rádio não era uma tecnologia de rede real, porque geralmente envolvia comunicação unidirecional a partir do provedor de conteúdo para o ouvinte. Aqueles que usavam tecnologia sem fio eram geralmente vistos como excêntricos – rádio hams -, e essa tecnologia nunca foi comercializada com sucesso. Com razão, Goebbels descrever o rádio como a arma espiritual de um estado totalitário. Stálin poderia ter adicionado que o telefone era um presente de Deus para realização das escutas.

A escuta telefônica – um problema simples em qualquer sistema circuito – disjuntor – começou na década de 1890 e foi julgada constitucional pela Suprema Corte no caso de Roy Olmstead, contrabandista que foi condenado com evidência coletada em um grampo. Precedentes existiam. Os Serviços Postal Norte-Americano tinham sido autorizados a apreender material obsceno, que poderia, claro, apenas ser detectado abrindo correspondência privada. A inteligência militar norte-americano tinha chegado a um acordo com a Wertern Union para interceptar telegramas desde a década de 1920, ainda que, em 1929, o secretário de Estado, Henry L. Stimson, tenha se recusado a ler as mensagens telegráficas militares japonesas seguindo a antiquada noção de que, como afirmou “Cavalheiros não leem a correspondência alheia”. Pearl Harbour e tudo o mais que vejo veio a seguir varreu tais escrúpulos para longe.

Em abril de 1933, o juiz do condado de Westchester, George W. Smyth, sentenciou uma menina de cor de 15 anos chamada Ella Fitzgerald a cumprir pena na Escola de treinamentos para Meninas de Nova York em Hudson, no estado de Nova York, pois ela era ingovernável e não obedecia aos justos e legais comandos de sua mãe. Não era um lugar feliz.

Felizmente, Fitzgerald escapa para Manhattan e para a carreira estelar como cantora.

Foi Joseph Valachi que revelou que os iniciados preferem falar não de máfia, mas sim de Cosa Nostra – “a nossa coisa” -, quando testemunhou perante o subcomitê permanente do Senado sobre ações governamentais em 1983. Vinte e um anos depois O informante Ítalo brasileiro Tommaso Buscetta descreveu aos promotores a estrutura hierárquica de uma família mafiosa típica: no topo, chefe (capofamiglia ou rappresentante), abaixo dele vinha um capo bastone ou sotto capo, e, aconselhando o chefe, um ou mais conselheiros (consiglieri). As fileiras inferiores eram organizadas em grupos (decina) dê mais ou menos dez soldados (soldati, operai ou picciotti), cada qual liberado por um capodecina. Testemunhando após sua prisão em 1996, Giovanni Brusca – o mafioso siciliano apelidado Il Porco, assassinado o promotor antimafia Giovanni Falcone em 1992.

Ah era retratada em O Poderoso Chefão figurava nesse sentido um tempo de hubris, quando o crime organizado tenta simultaneamente se tornar mais organizado e menos criminal. Quando o ato das organizações corruptas e influenciadas pelos esquemas ilegais (RICO Act) se tornou lei em 1970, a máfia norte-americana foi demolida com surpreendente facilidade. No curso da década de 1980, 23 chefs de todo o país foram condenados, com 13 subchefes e 43 capitães. A rede cometeu o erro fatal de se tornar A Hierarquia retratada nos filmes.

Preso dentro de uma hierarquia intolerante de cadeias de comando, temeroso de juntar-se à rede social que pudessem ser consideradas subversivas, o homem médio de meados do século buscou alívio nas garrafas. Na Rússia Soviética a droga escolhida era a vodka. Na Alemanha nazista, onde a produção de álcool era sacrificada pelo armamento, drogas mais exóticas eram favorecidas, como o Pervitin (metanfetamina) o Eudokal (um derivado da morfina). Nos Estados Unidos depois da Lei Seca, deste lado 01 consumidos em quantidade que hoje parecem surpreendentes.

VII – Possua a selva

42 – A longa paz

Quanto mais longe da Metrópole Imperial se viaja menor se torna o controle do planejador Central. A Terceira Guerra Mundial não foi travada com mísseis nucleares na atmosfera, mas com armas semiautomáticas nas selvas do que se tornou conhecido como Terceiro Mundo. Aqui, longe do alcance de qualquer Rede Ferroviária, rodoviária, telegráfica ou telefônica as superpotências estavam privadas do comando, controle e comunicações das quais dependiam. A exposição de suas limitações em países distantes e empobrecidas trabalhou dialeticamente para produzir a crise de suas próprias estruturas políticas. As décadas de 1970 e 1980 testemunharam a ressurgência das redes e o colapso das hierarquias, culminando na rápida desintegração da União Soviética e seu império no leste europeu. O fato de que nesse mesmo período se deu o nascimento da internet pode fazer emergir uma tentadora possibilidade: a tecnologia ter novamente alterado o equilíbrio do Poder, desta vez em detrimento do estado totalitário e de suas crias autoritárias. Como veremos, no entanto, o processo histórico não é tão elegante. Mais do que ser a causa da crise da segunda metade do século XX, a internet parece ter sido consequência do colapso do poder hierárquico.

Mas a ideia de que a Guerra Fria foi um “longa paz” só faz sentido se confiarmos nossa atenção a tais países desenvolvidos. Se considerarmos o mundo como um todo, o período entre a década de 1950 e a de 1980 não foi de nenhuma forma Pacífico na África, na Ásia e na América Latina. Guerras civis foram endêmicas nessas regiões do mundo, e muito frequentemente elas escalaram precisamente porque os grupos em guerra recebiam assistência Militar de superpotências e, assim, agiam como seus agentes. A Guerra Fria foi também um tempo de revolução e golpes, quando os impérios europeus de além-mar se desintegravam. Foi a percepção de que tais crises políticas eram contagiosas que fez surgir a ideia do “Efeito Dominó”. Como colocou o presidente Dwight Eisenhower, depois da derrota francesa em Dien Bien Phu diante do Vietminh na Indochina: Você tem uma fileira de peças de dominó. Você derruba a primeira… O que vai acontecer com a última é que certamente será muito rapidamente derrubada. Se as alianças da Guerra Fria criaram redes do tipo radicais (hub and spoke), o Efeito Dominó ameaçava de contágio os outros nódulos mais exteriores dessa rede.

43 – O general

No curso de duas guerras mundiais, constatou-se que a excepcional eficácia do exército alemão dependia não dá rígida implementação dos planos de batalha, mas sim da descentralização na tomada de decisões e dá flexibilidade dentro da névoa da Guerra. Em 1940, por exemplo, os tanques Panzer Mãe, percorrendo livremente o território, exploraram as comunicações sem fio e a rede rodoviária francesa para penetrar profundamente através das Linhas Inimigas que então entraram em colapso confusamente. Quanto mais inacessível o campo de batalha Vila mais importante era que oficiais (inclusive suboficiais) estivessem livres dos constrangimentos do comando e do controle centralizados. Nenhuma campanha tornou isso mais obviamente claro do que as realizadas contra os japoneses na Ásia. Na batalha da Birmânia, o novo tipo de general tinha emergido – a total antítese da personagem de Forester, o Blimp com sua vontade de ferro*. Na selva, “excentricidade e originalidade” eram valiosas.

Os quartéis Generais do exército, da Força Aérea e da Marinha foram agrupados e induzidos a trabalhar em conjunto com as autoridades civis e a polícia. Walker fazia uma analogia do novo comando com um triunvirato – civil, policial, soldadesca -, todo sobre a direção única de um diretor de operações militar, cuja tarefa era assegurar que o sistema operasse como dois pares de Tesouras, nenhuma subordinada a outra, mas as duas operando o sucesso uma da outra. As comunicações foram também Integradas da maneira que a tecnologia do rádio da época permitia.

44 – A crise da complexidade

O problema para planejadores era que o sistema hierárquico que tinha servido bem a atividade da Guerra total – uma atividade caracterizada pelo monopsônio, com o estado como único comprador, e a padronização, pois a destruição é muito mais fácil do que a produção – era totalmente equivocado para uma sociedade de consumo. Àqueles que lutaram nas guerras mundiais foram prometida prosperidade além da Vitória.

Como princípio geral, quando a complexidade das demandas sobre sistema coletivo humanos se tornará mais do que o ser humano […] A Hierarquia não mais conseguia impor as necessárias correlações/ coordenações sobre indivíduos. Ao contrário, interações e mecanismos característicos de redes em Sistemas complexos como o cérebro se tornam necessárias.

Na Ford motor Company, os altos executivos começaram a notar que o volume de informação que eles tinham que manusear era acachapante, ao mesmo tempo que as linhas de montagem estavam tão minuciosamente otimizadas que pequenas mudanças no desenho de um carro demandavam longas interrupções na produção. Eles tinham ficado bons demais. Conglomerados verticalmente integrados sofriam a pressão de se partirem para formar aquilo que os historiadores chamaram de a segunda revolução do mercado porque não conseguiam competir com seus rivais, mas a gente que terceirizava suas cadeias de suprimentos. A passagem para longe da hierarquia foi acelerada pela progressiva consciência das elites políticas ocidentais, que seria também estimulada pelo crescente comércio internacional. Sonhos de autarquias, típicas de meados do século, deram vez uma era contente e confiante em que vantagens corporativas podiam uma vez mais ser explorada.

45 – A rede do Poder de Henry Kissinger

Não poderia ver planejamento porque ninguém tinha tempo para isso, 9 Planejamento envolve conjectura sobre o futuro e casos hipotéticos. Eles estão atarefados com casos reais que relutam em assumir casos teóricos) Terceiro, aquele que formulam política sofrem de insegurança nata, pois lhe falta o conhecimento de seus conselheiros; eles portanto buscam Refúgio na “busca de um consenso administrativo”.

Um alto executivo, argumentavam precisava misturar “elementos na hierarquia e acesso difuso”. Seria muito melhor nomear um assessor estratégico com a mais Ampla Gama de responsabilidades possível. Será que Kissinger tinha em mente sua própria pessoa quando fez essa recomendação.

Os tchecos francamente avisaram a Kissinger que os soviéticos não tinham nenhum desejo sincero de ajudar os norte-americanos a se desvencilhar do Vietnã. De fato, ele disse, a crise no sudeste asiático poderia vir a ser um pretexto conveniente [para Moscou] para apertar seu controle sobre a Europa Oriental. (Kissinger não percebeu, essa discussão franca com Snejdárek já tinha algo a ver com a futura Primavera de Praga, um de gelo político que os tchecos suspeitavam que seria inaceitável para o Kremlin).

O mais revelador de todos esses encontros aconteceu em janeiro de 1967, quando Kissinger voltou a Praga. De novo, Snejdárek avisou que Moscou vinha ficando progressivamente mais sensível ao crescimento da liberdade de movimento do país da Europa oriental e especialmente ao esforço tcheco de diminuir sua dependência Econômica de Moscou. Mas então ele surpreendeu Kissinger com uma questão que, admitiu, “nunca me tinha ocorrido”: se ele achava que “um acordo China Estados Unidos estava em andamento”. Percebendo a surpresa do norte-americano Snejdárek explicou:

A despeito de suas falhas malucas, os maoístas poderiam vir a ser mais flexíveis em relação aos EUA do que seus opositores. Eles vão ter que fechar a China de qualquer forma para reconstituir a autoridade governamental, e alguma forma de Tratado de não agressão com os Estados Unidos pode-se encaixar bem nesse desenho.

Do ponto de vista tcheco, tal “pacto Johnson-Mao” Era um cenário alarmante, porque, “se os Estados Unidos entrassem em acordo com a China virou a pressão [Soviética] sobre a Europa aumentaria”.

Estudiosos a muito especula qual estrategista concebeu abertura para China que transformaria a paisagem geopolítica em 1972. Mas não foram os norte-americanos que pensaram nisso antes. Foram os estrategistas do bloco soviético que previram o novo mundo conjurado pela separação sino-soviética e eles o fizeram mais do de 4 anos antes da visita Histórica de Nixon à China.

A hipótese deve ser que a influência e a reputação de Kissinger foram produto não só de seu intelecto e energia produtiva, nos também de sua Sobrenatural conectividade. A shuttle diplomacy [Diplomacia de viagem] era parte disso. Assim como lisonjear jornalistas, o quê Kissinger sabia fazer bem pergunta ainda que raramente o cite em suas memórias, a despeito da proximidade de sua amizade com os irmãos Alsop, Stewart e Joseph e com a colunista Tom Braden. Com a revista Time publicou, Kissinger preservou cuidadosamente ou ritual esperado de um subordinado que obedece às ordens de um comandante em chefe mesmo quando a presidência Nixon colapsava. A relação formal e correta, mais do que pessoal com Nixon permaneceu institucionalmente vital até sua renúncia final. Como notou a revista Time, Kissinger tinha um senso apurado de hierarquia.

Um “novo sistema internacional” havia substituído “a estrutura dos anos imediatamente posteriores à guerra”, ele declarou em Londres em dezembro de 1973: um sistema baseado no “paradoxo de crescente dependência mútua e identidades nacionais e regionais em expansão”. “A crise da energia”, ele sugeriu três meses depois, constituiu “as dores do parto da independência global”. Em abril de 1974, “O desafio da independência” se tornou o título de um discurso; em 1975 a interdependência estava “se tornando o fato central de nossa diplomacia”. “Se não obtivemos um reconhecimento de nossa Independência”, Kissinger avisava em outubro de 1974, “a civilização ocidental que conhecemos quase certamente vai se desintegrar”.

 Muito antes de Nixon ser vítima da exposição de sua malandragem pelo jornal Washington Post – e de ter sofrido as consequências de sua própria vulnerabilidade, isolado das redes como era, com poucos amigos nas instituições que possivelmente o teriam salvado -, Kissinger entendeu que as redes eram mais poderosas do que as hierarquias do Governo Federal.

46 – Adentrando o vale

Durante o desenvolvimento, as estruturas de sistemas grandes tendem a se desintegrar qualitativamente ainda mais do que sistemas pequenos. Essa observação é muito evidente quando aplicada a grandes sistemas militares de informação dos últimos dez anos […] alguns dos mais complexos objetivos criados pela mente humana […].

Por que sistemas grandes se desintegram? O processo parece ocorrer em três etapas […] Primeiro, a percepção dos designers iniciais de que o sistema será grande, aliada a certas pressões em sua organização, tornam irresistível a tentação de indicar pessoas demais para o esforço do desenho. – Segundo, a aplicação da sabedoria gerencial convencional em uma grande organização de design faz que sua estrutura de comunicação se desintegre. – Terceiro, o homomorfismo assegura que a estrutura do sistema refletirá a desintegração que ocorreu na organização de design.

Era muito importante então que o que se tornou a internet não fosse desenhado dessa forma, mas que emergisse mais ou menos espontânea e organicamente, com acadêmicos e engenheiros de computação do setor privado mais do que com planejadores militares na liderança.

O desenvolvimento mais importante, porém, foi que Vinton (Vint) Cerf Robert Kahn estipularam que a rede das redes não deveria ter controle central nem deveria ser otimizada por nenhum aplicativo em particular ou forma de pacote de dados. Seu protocolo de software TCP/IP previa que Todos as redes de computadores deveriam ser capazes de se comunicar, a despeito de diferenças em sua estrutura interna. Isso se tornou realidade no primeiro dia de janeiro de 1983, quando a Arpanet mudou para o TCP/IP . Um ano depois vieram os primeiros DNS – Dominain Name Severs [Servidores de nomes de domínio], o que permitia que endereços numéricos IP assumir 100 nomes mais fáceis de memorizar. Em 1987, havia 30 mil hosts [hospedeiros] naquilo que agora estava sendo chamado de a internet.

 Nenhuma autoridade Central a desenhou, O que explica como se evitaram as armadilhas descritas pela lei de Conway. Nenhuma permissão era ou é necessária para adicionar um novo caminho ou subtrair um velho. Não a um depositário Central onde a estrutura da internet está registrada. Ela não pode ser uma piada. Brinton e Chiang definem três conceitos fundamentais que subjazem à internet:

Talvez a mais impressionante característica dos Estados Unidos na década de 1970 Foi simplesmente que a Inovação descentralizada   era possível, a despeito de todos os problemas econômicos, sociais e políticos que associamos ao período. Os jovens rapazes atraídos para o “Vale do Silício” – como o Vale de Santa Clara foi apelidado em 1971 – levaram suas atitudes antiautoritárias consigo.

47 – A queda do império soviético

Sabendo tudo o que sabemos sobre as patologias de subtração do valor da economia Soviética na década de 1970, temos que nos esforçar para lembrar que o consenso em Washington era que o comunismo poderia, em última instância, prevalecer sobre o capitalismo. Na edição de 1966 de seu livro best seller, o economista Paul Samuelson tinha previsto que a União Soviética ultrapassa a economia norte-americana em algum ponto entre 1984 e 1997. A economia Soviética, ele ainda podia afirmar na edição de 1989 de seu livro, é prova de que, ao contrário do que muitos céticos acreditarão no passado, a economia de comando social pode funcionar e mesmo florescer. Como um relatório da NSA depois reconheceu, nenhuma estimativa oficial mencionava o colapso do Comunismo como possibilidade distinta até o golpe de 1989. Mas Era óbvio para qualquer visitante na União Soviética que havia algo faltante na economia planejada. Os produtos de consumo eram de péssima qualidade e estavam cronicamente em falta. Em fábricas antiquadas, pequenos roubos, ao alcoolismo e absenteísmo era recorrente. É difícil acreditar que qualquer domínio de computação teria salvado um sistema tão fundamentado falido.

 Em 1980, estimulados pela impetuosa experiência da visita do Papa João Paulo II, no ano anterior, a rede tinha crescido mais uma vez com um novo sindicato solidariedade se tornando o polo dominante.

As revoluções, como vimos, são fenômenos de rede. Como cada dia de 1989 passava sem o surgimento da repressão e a determinação dos regimes fraquejava, o número de seus cidadãos decidido a arriscar o protesto aberto subiu.

No mês seguinte, enquanto Erich Honecker aceitava os planos para celebrar o 40º aniversário da República democrática alemã, centenas então milhares, então dezenas de milhares, e então centenas de milhares de pessoas saíram às ruas de Leipzig, primeiro gritando Wir Sind das Volk (“Nós somos o povo”), depois emendando para wir sind ein Volk (“nós somos um povo”).

Essa vasta reação em cadeia na Eurásia não foi apenas o trabalho das redes de oposição política; foi também impulsionada pelas redes de televisão. Na primeira fase da revolução alemã-oriental, a participação em protestos foi certamente alimentada pela cobertura da televisão alemã-oriental, que a maioria dos alemãs-orientais, assistia em suas próprias telas de TV. Apenas em um lugar apelidado de “Vale dos Desavisados” (Tal der Ahnungslosen) – da área sudeste ao redor de Dresden ao nordeste do país perto de Greifswald – estavam as pessoas que não recebiam o sinal dos canais ocidentais.

O mais importante polo da rede não era Washington, nem Londres muito menos Roma. Era uma pequena Estação de Esqui no Cantão suíço de Graubunden: Davos.

48 – O triunfo do homem de Davos.

Aqueles que ironizam o fórum econômico Mundial subestimam o poder das redes. Poucos discursos na história do fórum tiveram importância histórica maior do que aquele de janeiro de 1922, feito por um prisioneiro político recentemente liberado vindo ao lado oposto do planeta. “Nossa interdependência”, ele declarou aos Delegados da conferência, enquanto Schwab escutava atentamente e com aprovação, “demanda que todos nós combinamos para lançar uma ofensiva global para o desenvolvimento, a prosperidade e a sobrevivência humana”. Era necessário, argumentou o orador, “que houvesse uma transferência massiva de recursos do Norte para o sul” – mas não “como um ato de caridade ou como uma tentativa de melhorar a vida daqueles ‘sem nada’ empobrecendo aqueles ‘que têm’”. Ele então passou a listar Quatro Passos que seu próprio país deveria dar: Lidar com o problema da dívida, assegurar o crescimento da [nossa] economia.

[Estabelecer] um setor público talvez não diferente do de países como a Alemanha, a França e a Itália.

Oferecer ótimas perspectivas para investidores presentes neste salão.

Mandela não era um economista comum. “Devemos estudar cuidadosamente todas as revoluções, inclui as que fracassaram”.

 não foram políticos ocidentais nem plutocratas que convenceram Mandela a se posicionar em relação à nacionalização. Nas palavras do Futuro Ministro do trabalho, Tito Mboweni (Que acompanhou Mandela a Davos), foram os delegados chineses e vietnamitas do fórum econômico Mundial. “No momento, estamos tentando privatizar empresas estatais e convidar a iniciativa privada para entrar em nossas economias”, eles disseram a Mandela. “Nós somos governos de partido comunista, e você é o líder de um movimento de libertação nacional. Por que você fica falando de nacionalização?” Isso faz sentido.

O que fez de Davos crucial foi a integração de redes mais antigas a nova internacional capitalista criada por Klaus Schwab – uma integração possibilitada pelos governos chinês e vietnamita, que abraçaram reformas econômicas baseadas no mercado.

49 – Quebrando o Banco da Inglaterra

George Soros.

Em setembro de 1992, no entanto, Soros alcançou a fama de ser o homem que quebrou o banco da Inglaterra – e com isso o Mecanismo de Taxa de Câmbio Europeu (ERM – Exchange Rate Mecanism).

Assim que a Grã-Bretanha ingressou na CEE, banqueiros como Siegmundo Warburg – um dos Arquitetos do mercado de Eurobonds – começaram a discutir a responsabilidade de integração monetária, começando com a criação de uma unidade de contabilidade (ele sugeriu o nome “Euro moneta”) baseada em uma cesta de diferentes moedas nacionais.

 Para essas chamadas énarques, a ideia de uma única moeda europeia era irresistível – ainda mais porque elas viam a criação de um banco central europeu como uma forma de conter institucionalmente acrescente predominância alemã. Esse foi o raciocínio por trás do trabalho de Maastricht. Do ponto de vista da Alemanha, a unidade monetária era o preço a ser pago para a França aceitar a reunificação alemã: a prova, como dito repetidamente pelo chanceler alemão Helmut Kohl, de que os líderes alemães agora colocavam a Europa em primeiro lugar, e a Alemanha em segundo.

Nem os trabalhistas nem os conservadores queriam se associar a um sistema que implicasse a subordinação à política macroeconômica do Banco Central alemão. Mesmo que a Segunda Guerra Mundial tivesse terminado 34 anos antes de Thatcher ter ocupado a residência do primeiro-ministro na Downing Street, 10, a memória “da guerra” persistia. O Ministro conservador Nicholas Ridley foi forçada a renunciar em julho de 1990 por ter falado alto o que muitos pensavam privadamente: o que projeto da União monetária era “um esquema fraudulento desenhado para conquistar toda a Europa”. A revista Spectator ilustrou a entrevista em que figura esta frase com Cartum no qual Ridley desenha um bigode ao estilo de Hitler no retrato de Kohl.

Uma, em agosto de 1992, a situação de vários membros do ERM despertou dúvidas sobre o que fazer. A essa altura, as consequências da unificação alemã se faziam sentir. Para dá aos alemães orientais um presente de reunificação, seus “marcos orientais” foram convencidos para os muito mais fortes marcos Alemanha da Alemanha ocidental a uma taxa de um para um. O resultado foi aumentar o poder de compra dos alemães orientais e a oferta de dinheiro alemão a um só golpe, ao mesmo tempo que se tornava quase toda a indústria da Alemanha Oriental desesperadamente não competitiva. Investimentos maciços tiveram que ser feitos na parte oriental tal para trazer sua infraestrutura Industrial ao nível ocidental, assim como grandes pagamentos para aliviar o desemprego e outras transferências do Oeste para o leste. O resultado foi um surto de investimentos e gastos governamentais, muitos deles financiados pelo empréstimo. A seu turno, isso fez aumentar preços e salários alemães.

O Bundesbank respondeu ao boom da reunificação elevando taxas de juros-chave que regulavam seus empréstimos a bancos Alemanha. De uma baixa pré unificação de 2,5%, a taxa de desconto subiu em etapas ponderadas até chegar a um pico de 8,75% em agosto de 1992.

Em 1990, a maioria deles incluindo Reino Unido França e Itália, já tinham eliminado todas as restrições sobre fluxos de Capital através de suas fronteiras. Se não aumentassem suas taxas de juros, o Capital móvel se mudaria para a Alemanha em busca de maior retorno. O problema era que Reino Unido, França e Itália não experimentavam uma expansão comparável àquela da Alemanha. De fato, a Grã-Bretanha tinha sofrido uma recessão em 1991.

Choros acreditavam que a reflexibilidade desempenhava importante papel nos mercados financeiros. Como colocou em uma fala no Massachusetts Institute of Technology em 1994, “Reflexividade é, na prática, um mecanismo Dual de retroalimentação no qual a realidade ajuda a formar o pensamento dos participantes e o pensamento dos participantes ajuda a formar a realidade”.

VIII – A biblioteca de Babel

50 – 11/9/2001

O evento que definiu os primeiros anos deste século foi um ataque as redes financeiras e de transportes dos Estados Unidos por uma gangue Islamista que é mais bem compreendida como uma rede antissocial. Apesar de agir em nome da A1-Qaeda, os conspiradores do 11 de setembro estavam apenas fracamente conectados à rede mais ampla do islamismo político, o que ajuda a explicar como foi possível que evadissem a detecção.

Os próximos terroristas formavam uma rede. Trabalhando sozinho imediatamente após os ataques, usando um software chamado Inflow, desenhado para analisar redes corporativas, um consultor de Cleveland chamado Valdis Krebs demonstrou que Mohamed Atta era o nódulo crucial da rede no 11/9 (11 de setembro) (ver gravura 24).

Para Krebs, olhei em retrospecto, o que se passava era óbvio. mas o ataque poderia ter sido detectado antecipadamente? “para ganhar esta guerra contraterrorismo”, escreveu Krebs, “parece que os mocinhos têm que construir uma rede de informação e compartilhamento de conhecimento melhor do que a dos bandidos”. Tal rede era supostamente para existir em 2001, na forma de um projeto do exército chamado Ahle Danger [algo como perigo possível], que buscava mapear a Al-Qaeda através dos “vínculos identificadores e padrões em grandes volumes de dados”. A questão era que, por causa do problema “Kevin Bacon” – o fato de existirem menos de seis graus de separação entre todo mundo nos Estados Unidos -, o número de pessoas identificadas como potenciais terroristas chegavam às centenas de milhares, talvez milhões.

Quando uma rede distribuída ataca a hierarquia está reage da maneira que eles são naturais. Imediatamente após os ataques do 11/9, o presidente George W. Bush e membros chave da sua administração com responsabilidade sobre a segurança nacional tomaram uma série de decisões que acabaram por fazer uma rede islamista crescer. Corretamente, o presidente ordenou que um plano fosse improvisado para derrubar o regime no Afeganistão, que abrigava a Al-Qaeda. Erroneamente, o presidente foi persuadido pelo vice-presidente, Dock Cheney, e pelo secretário da defesa, Donald Rumsfeld, de que que os ataques de ser criado um pretexto para uma segunda intervenção militar, para derrubar Saddam Hussein no Iraque, * a despeito do fato de que as evidências relação de causa entre o Iraque e o 11/9 fossem inexistentes.

[Criar] um departamento de segurança doméstica […] é um segundo. Uma hierarquia é uma ferramenta tosca para usar contra uma rede ágil: só uma rede derrota outra rede, como em guerras anteriores somente tanques podiam vencer tanques […] O tipo de rede de que precisamos não pode ser formada ou sustentada através de comentários coercitivos como estar” “conosco” ou “contra nós”.

Os autores dependerão muito esforço em distinguir entre insurgência com uma estrutura formal e hierárquica e aquelas com “uma estrutura de rede”. Cada modelo tinha suas forças e fraquezas, mas a insurgência em rede tem dia a ser resiliente, adaptar-se e rapidamente aprender, e era mais difícil de persuadir a aceitar uma solução negociada, pois “não há nenhuma única pessoa ou pequeno grupo no comando”.

“Fundamentos da contra insurgência nível de companhia – que “para construir redes confiáveis” era necessário aplicar “o verdadeiro sentido da expressão ‘corações e mentes’”.

Entre as táticas recomendadas por Kilcullen para derrotar esse estado Nascente estavam: Cooptar mulheres neutras ou amistosas, por causa de sua importância nas redes de apoio insurgentes; lançar operações de inteligência anti rede, que podem gerar um tempo empuxo letal que faz as redes insurgentes colapsar em catastroficamente; asfixiar a rede recortando os insurgentes para fora do Povo. E interditar Ellus vulneráveis na rede insurgente. Essa se tornou a base da Estratégia Sucuri de Petraeus, buscando cercar e sufocar a rede Al-Qaeda no Iraque.

51 – 15/9/2008

O que Bin Laden parece ter almejado era mais uma reação em cadeia, onde o choque inicial dos ataques provocasse um efeito cascata dentro do sistema econômico norte-americano. O fato de isso não ter ocorrido demonstra que a rede capitalista norte-americana era mais resiliente do que esperavam os jihadistas.

O sistema financeiro, parecia, era uma rede mais resiliente do que agrade elétrica Europeia, ou mesmo do que a internet.

Isso provou ser uma ilusão. A falência dos Lehman Brothers em 15 de setembro de 2008 iniciou uma das maiores crises financeiras da história, e chegou mais perto do que qualquer outro evento desde a queda do Mercado de Ações de Wall Street em 1929 de causar um apagão global no sistema de crédito internacional.

Foi só em 29 de outubro que Ben Bernanke, o diretor do Federal Reserve, fez a primeira alusão à possibilidade de uma crise análoga àquela da década de 1930.

O que o Fed não conseguiu entender foi que, ainda que o chefe executivo da Lehman, Dick Fuld, se mantivesse meio isolado da rede de Wall Street, desamado por seus pares (entre eles o secretário do tesouro Henry Paulson, antigo CEO da Goldman Sachs), o próprio banco era um polo crucial em uma rede financeira internacional que tinha crescido mais do que nunca em tamanho em densidade no espaço de 20 anos, graças a combinação da globalização e da internet.

 Para crédito do diretor Bernanke, no entanto, a rapidez com que ele aplicou as lições da grande depressão assegurou que as consequências econômicas fossem muito menos severas do que na década de 1930. Ao comprar todo tipo de ativo na primeira fase da flexibilização quantitativa, E então grandes quantidades de títulos públicos na segunda e na terceira fases, o Fed ajudou a conter a crise.

Mas a maior razão pela qual a Grande Depressão não se repetiu foi que, depois eu deixar a Lehman pedir falência, o tesouro norte-americano entrou no jogo e evitou grandes falências financeiras adicionais. Os resgates de firmas como a gigante AIG e outros grandes bancos, que receberam mais de 400 Bilhões de Dólares do Troubled Asset Relief Program [Programa de alívio ao ativo em Apuros], Foram Cruciais para estancar a reação em cadeia de insolvência iniciada em 15/9. Que Tais companhias tenham continuado a pagar seus altos funcionários bônus de sete dígitos provocou críticas de um amplo círculo.

Queda de Dick Fuld aconteceu porque ele era relativamente isolado na rede.

53 – Web 2.0

Depois da Inovação e da anarquia criativa vem a comercialização e a regulamentação. Isso, de qualquer forma, foi o padrão nas revoluções tecnológicas anteriores. No caso a internet, no entanto, a comercialização tinha acontecido; a regulamentação era ainda pouca. O sonho da fonte aberta morreu com a emergência dos monopólios e duopólio que conseguiram impedir a interferência do Estado administrativo.

O Facebook não inventou as redes sociais. Como vimos, elas são tão antigas quanto o homo sapiens como espécie. O que o Facebook fez, ao criar um serviço que é gratuito para o usuário e sem restrição geográfica ou de língua, foi criar a maior rede social de todos os tempos. Na data deste texto [2017] o Facebook tinha 1,17 bilhões de diário ativos, e 1,79 bilhões que entram pelo menos uma vez por mês. As se inclui aplicativo de compra compartilhar fotografia e mensagens do Instagram. Nos Estados Unidos, a taxa é de 82% dos adultos que usam a internet entre as ideias de 18 e 29, 79 % entre 30 e 49, 64% do grupo etário 50-64 e 48% daqueles com 65 anos ou mais. Se a seis graus de separação para humanidade como um todo, para os usuários do Facebook a média é agora de 3,57.

Mas, de formas muito surpreendentes, o Facebook Conquista à distância. A mera proximidade de outros usuários não é a melhor maneira de prever a probabilidade de entrar no Facebook; a conversação é uma função da posição que se tem em múltiplas redes sociais existentes. Usuários são caracterizadas por homofilia; para pena, em termos de interesses compartilhados e tipos de personalidades, formam revoada juntos, como sempre, e pode haver um tipo de retroalimentação que causa usuários similares tornarem-se mais interconectados através do uso do Facebook.

Na Europa, apesar da crescente preocupação com a ressurgência do nacionalismo, o Facebook aumentou a integração censuravelmente: A cada verão, quando europeus viajam para outros países do continente em férias, o número de amizades na rede social entre pessoas de países diferentes.

Não é só a desavergonhada perseguição do domínio do mercado que faz o Facebook entrar em contradição com a sua propaganda. A evolução de Zuckerberg, de hacker de dormitório estudantil a Camarada Zuck, foi mutável mente veloz. “De muitas maneiras”, ele disse em 2008, o “Facebook é o mais como um governo do que como uma empresa tradicional. Temos esta grande comunidade de pessoas, e, mais do que qualquer outra empresa de Tecnologia, estamos realmente definindo as políticas”. O “Pequeno livro vermelho” deveria mais do que apenas o seu título a Mão; seu Tom era conscientemente de uma Vanguarda revolucionária: “Os rápidos herdarão a terra”. “Grandeza e conforto coexistem”. E: “Mudando como as pessoas se comunicam sempre mudará o mundo”. depois de 2008, cartazes nas paredes dos escritórios começaram a escoar propagandas totalitárias: “VÁ ADIANTE E SEJA OUSADO! DESCONTROLE-SE! PROVOQUE IMPACTO!”. Disse que Zuckerberg “quero dominar não apenas o Facebook, mas de alguma maneira a infraestrutura de comunicação do planeta que está em evolução”.

54 – Desmanche

Temos três importantes ressalvas, no entanto. Primeiro, baseado em dados do levantamento das Finanças do consumidor dos EUA, os aumentos nas fatias de 1% mais rico e o 0,1% mais rico, tanto em riquezas como em renda, não foram tão grandes quanto Piketty e Saez afirmaram. Segundo o número de indivíduos na lista Forbes 400 que foram listados por força de riqueza herdada declinou constantemente em nosso tempo: de 159 em 1985 para apenas 18 em 2009. A rotatividade no topo nunca foi tão alta. Terceiro, o crescimento de classe média global – o que os narcisistas preferem chamar de burguesia – traz uma mudança social tão profunda quanto a acumulação de riquezas pelo 1% mais rico. Entre 2000 e 2015, a classe média chinesa cresceu em 38 milhões de pessoas; usando a mesma definição, a classe média norte-americana também cresceu, em 13 milhões. Em todo o mundo a classe média cresceu em tamanho, desde 2000, hein 178 milhões, um aumento de 31%. De acordo com uma estimativa, o coeficiente Gini de desigualdade global declinou de 69 em 2003 para 65 em 2013, e vai 61 em 2035. Em resumo, uma forte evidência é que a distribuição global de renda ficou significativamente menos desigual desde 1970, e a tendência deve continuar. O maior impulso foi o aburguesamento da China, mas isso é apenas cerca de um quinto da história global.

Mas é inconcebível que tivéssemos tanto comércio de pressão sem as inovações discutidas aqui da mesma forma que os saltos tecnológicos a frente teriam sido menores em número e mais espaçados sem os componentes baratos feitos na Ásia e as cadeia de oferta globais. Foi o mais vasto aumento nos fluxos de informação internacionais que tornou mais eficiente a relação do capital e o trabalho possível. O ponto crucial é que, para a maioria das pessoas no mundo, houve melhora significativa em termos relativos e em termos absolutos nos últimos 30 ou 40 anos. Para explicar as revoluções no mundo em desenvolvimento, as explanações deveriam provavelmente incluir o aumento de expectativas.

A melhor explicação disponível é a “desvantagem acumulativa na vida, no mercado de trabalho, nos resultados do casamento e dos filhos e da saúde, disparada por oportunidades do mercado de trabalho progressivamente piores “.

Pesquisa Social Geral dos EUA, de um encolhimento dramático de redes sociais tradicionais, que alguns atribuem a emergência das redes eletrônicas e dos dispositivos móveis que encorajam seu uso. De fato, não a evidência convincente de que o uso aumentado da internet leve ao menor engajamento social; o oposto pode bem ser verdade.

55 – Tuitando a revolução

Como o caso dos pescadores de Kerala mostra, a variável crítica que fez as mudanças sociais do início do século XXI tão explosivas foi o crescimento exponencial da telefonia móvel. As inovações nos telefones celulares foram presentes do céu para as companhias tradicionais de telecomunicações, como AT&T e Verizon (antigamente Bell Atlantic e NYNEX) e seus equivalentes ao redor do mundo.

Na Google, Eric Schmidt e Jared Cohen discordavam. Em um artigo presciente publicado em novembro de 2010, eles argumentaram que os governos seriam pegos de surpresa quando o grande número de seus cidadãos, armados com virtualmente nada exceto seus celulares, tomassem parte em mini rebeliões para desafiar sua autoridade”. A “ação real” naquilo que chamaram de o “estamento interconectado” podia ser achada em “apertados escritórios no Cairo”, assim como nas ruas de Teerã.

A tentativa do Estado hierárquico de cooptar aos donos das redes do setor privado na internet foi previsível. Assim também foi a tentativa de expor o fato. Desde 2007, a divisão SSO (operação de fonte especial) da NSA começou a requisitar as comunicações online de pelo menos nove grandes companhias norte-americanas como parte de um programa de vigilância de big data chamado “PRISM”. O trabalho de interceptação foi de fato feito pela Unidade de Tecnologia de interceptação de dados do FBI, tirando partido do fato de uma de infraestrutura física da internet está localizada nos Estados Unidos. De acordo com o Ato Proteger a América e com a seção 702 do Ato sobre a Vigilância de Inteligência Estrangeira de 2008, isso era legal e as empresas tinham pouca opção senão obedecer. Formalmente, a vigilância deveria recair sobre estrangeiros que pudessem constituir uma ameaça à segurança dos EUA, mas qualquer cidadão norte-americano em comunicação com uma pessoa dessas poderia ser arrastado na rede da NSA, desde que uma das partes de uma troca de e-mail, de uma chamada no Skype, de uma transferência de arquivos ou trocas no Facebook estivessem em território estrangeiro.

Os progressistas adoraram a exposição da NSA e fizeram um pouco da alegação de que a inteligência obtida pelo PRISM tinha prevenido ataques terroristas. Mesmo assim, houve intenso embaraço quanto ao fato de que empresas como Yahoo, Google e Microsoft – sem mencionar a Facebook – estavam mancomunadas com o temido “Estado de segurança nacional”, e que toda a operação tinha continuado sem interrupção, e despeito da eleição do queridinho dos progressistas, Barack Obama, como presidente. Sob Obama, a NSA colheu não apenas os metadados de chamadas telefônicas de 120 milhões de assinantes da Verizon, mas também – sob o PRISM – o conteúdo de e-mail, voz, texto e conversas por vídeo de um número desconhecido de nota Americanas.

Ao contrário de 1914, porém, não havia Aliados em fiéis a serem poupados como parte de uma estratégia na regional calculada. Para o EI, objetivo final era o apocalipse: sua ambição não era Vitória convencional, mas realizar a profecia de um Armageddon em Dabiq.

A densidade da rede no gráfico é de aproximadamente 0,2 – significando que cerca de 20% de todas as conexões que poderiam existir em teoria de fato existem.

56 – 9/11/2016

Aqueles que depositaram suas esperanças na Sabedoria das multidões, achando que uma política benigna emanava da multidão, tiveram um desagradável de despertar. “Na presença de influência social”, como observaram dois acadêmicos das redes as ações das pessoas ficam dependentes umas das outras, quebrando a presunção fundamental da Sabedoria das multidões. Quando as multidões seguem a sua interdependência, podem ser alavancados para espalhar informação para as massas mesmo que esta seja incorreta.

Em uma campanha para internet, ele certamente teria lutado para se equiparar a Clinton, pois ele não tinha os recursos financeiros para uma guerra de atritos no velho estilo através da publicidade de televisão.

Mas as campanhas populistas não teriam obtido êxito se os memes que disseminaram não tivessem sido espalhados, mas ainda nos fóruns não eletrônicos, onde as amizades são mais reais do que as falsas (como no Facebook): os pubs e os bares. E isso, a seu turno, não teria acontecido se Tais memes não estivessem ressoando nas pessoas

IX – Conclusão: Enfrentando a Cyberia

58 – Apagão da rede

Kissinger esboçou quatro cenários que ele considera os mais prováveis catalisadores de uma conflagração em larga escala:

  1. Uma deterioração nas relações sino-americanas
  2.  um colapso das relações entre Rússia e o ocidente
  3.  um colapso do Poder duro europeu
  4.  um crescimento do conflito no Oriente Médio

A resposta é que a tecnologia de um poder enorme para as redes de todos os tipos em relação às estruturas tradicionais hierárquicas – mas as consequências dessas mudanças serão determinadas pelas estruturas, propriedades emergentes e interações destas redes.

Como já vimos, o impacto Global da internet tem poucas analogias na história melhores do que o impacto da Imprensa na Europa do século XVI. o computador pessoal e o smartphone deram poder as redes tanto quanto o panfleto e o livro no tempo de Lutero.

A prensa não criou os bilionários: Gutemberg não era Gates (em 1456 Ele entrou em falência).

Uma Geração majoritariamente protegida do conflito – os babies boomers* – não conseguiu aprender que não são as redes desregulados que reduzem a desigualdade, mas sim a guerra, revoluções, e hiperinflação e outras formas de expropriação.

Ao contrário do passado, hoje existe dois tipos de pessoas no mundo: aquelas que são Donas da rede e as operam e aquelas que meramente as usam. Os Mestres comerciais do ciberespaço podem fazer promessas vazias para o mundo virtual dos internautas, mas, na prática, empresas como a Google são hierarquicamente organizadas mesmo que seus “gráficos .org” sejam bem diferentes dos da General Motors no tempo de Sloan.

Em sociedade tradicionais, o advento das forças de mercado frequentemente perturba as redes hereditárias e como resultado promove a mobilidade social e reduz a desigualdade. A meritocracia prevalece. Mas quando as redes e os mercados estão alinhados como em nosso tempo, a desigualdade explode ao mesmo tempo que os dividendos da rede fluem majoritariamente para os insiders que são os proprietários.

É difícil de acreditar que não haverá eventualmente algum tipo de confronto entre a administração de Trump e as grandes empresas de TCI, especialmente se a administração revogar a decisão de 2015 de seu predecessor pela qual a Comissão Federal de Comunicação regula a internet como um serviço público, como as antigas redes telefônicas ou a malha ferroviária.

Mas, em dois aspectos, há uma clara semelhança entre nosso tempo e o período revolucionário que se seguiu ao advento da Imprensa. Como a prensa, a tecnologia da informação moderna está transformando não só o mercado – mais recentemente, facilitando o compartilhamento (Isto é, aluguéis de curto prazo) de carros e apartamentos – mas também a esfera pública. Nunca houve tantas pessoas conectadas juntas em uma rede instantaneamente responsiva através da qual “memes” podem ser espalhar mais rapidamente do que vírus naturais. Mas a noção de que conectar o mundo todo cria uma utopia de netizens, todos iguais no ciberespaço, sempre foi uma fantasia – tanto quanto o engano na visão de Martinho Lutero de um sacerdócio de todos os crentes.

Pode ser Julian Assange ainda passa esses dias na embaixada equatoriana em Londres, mas a realidade é que ele vive, como um convidado de honra do presidente Vladimir Putin, no Estranho mundo virtual de Cyberia – a twilight zone habitava por operadores russos.

Os cientistas da Computação têm entendido o potencial destruindo de uma guerra cibernética desde os primeiros tempos da internet. Primeiro eram hackers adolescentes que criavam confusão: nerds como Robert Tappan Morris, que Quase derrubou todo a World Wide Web em novembro de 1988 ao lançar um software de tipo worm [minhoca] altamente infeccioso, ou “Máfia Boy”, um canadense de 15 anos que fechou o sistema da Yahoo em fevereiro de 2000.

Os russos foram os primeiros a guerrear diretamente contra o governo de EUA, buscando compensar seu relativo declínio econômico e militar explorando as amplas possibilidades assimétrica que a internet oferecia para reduzir o potencial de luta do inimigo.

Dado o número de agressores cibernéticos, as defesas parecem destinados a correr atrás dos ataques, em uma inversão da lógica militar convencional. E os russos provaram que são diferentes a enredamentos e tabus, mesmo que a China seja mais simpática a abordagem de Nye.

A chave virou ela argumenta, é converter hierarquias em redes, fazendo da OTAN um polo de uma rede de parcerias de segurança e a consulta para questões de segurança Internacional, e reformar o Conselho de Segurança da ONU, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, abrindo os para protagonistas mais novos. As instituições de ordem mundial estabelecidas depois da segunda guerra mundial precisam se metamorfosear hein polos de um sistema mais horizontal, mais veloz, mais flexível, que opere no nível dos cidadãos, para além dos Estados, incorporando bons protagonistas da web, corporativos, cívicos e políticos. Um exemplo que a doutora dá é o Pacto de Autarcas pelo Clima e energia, aliança que conecta mais de 7.100 cidades ao redor do Globo. Outro é a parceria pelo governo aberto, lançada pela administração de Obama em 2011, que hoje inclui 70 países compromissados com transparência, participação cívica e prestação de contas. Ian Klaus, antigo colega de Slaughter no Departamento de Estado, ver o potencial de uma rede global de cidades.

A defesa cibernética está atrasada em 10 anos em relação ao ciberataque, também por causa de uma nova versão impossível da Trindade: “Sistemas Podem ser velozes, abertos e seguros, mas apenas dois desses três fatores de cada vez.

Mas ele mesmo cita as três regras de cibersegurança criadas pelo criptógrafo da Agência de Segurança Nacional (NSA) Robert Morris: “REGRA UM: Não possua um computador. REGRA DOIS: Não ligue o computador. REGRA TRÊS: Não use”.

59 – FANG, BAT e UE

Três são os pontos essenciais para entender a revolução da TI. Primeiro, ela é quase totalmente uma conquista norte-americana, ainda que com contribuição de cientistas da computação que afluíram ao Vale do Silício de todas as partes do mundo, e das manufaturas asiáticas que fizeram baixar os preços. Segundo, as mais importantes empresas de Tecnologia dos Estados Unidos são agora extraordinariamente dominantes. Terceiro, como vimos, essa dominância se traduz em enormes quantidades de dinheiro. Confrontando com essa revolução de rede norte-americana, o resto do mundo tem duas opções: capitular e regular, ou excluir e competir. Os europeus escolheram o primeiro caminho.

Os chineses, em contraste, optaram por competir. Esta não foi a resposta prevista pelos norte-americanos, que presumiram que Pequim simplesmente tentaria controlar a internet – um esforço que, numa fase famosa, o presidente Bill Clinton definiu como “pregar gelatina na parede “. A internet é uma rede porosa, escreveu um acadêmico norte-americano em 2003, “e se o povo da China quiser obter sua informação em sites no Vale do Silício, mesmo o mais onipotente dos governos dificuldades em impedi-lo”. Não era bom assim. Certamente houve censura. Desde 2012, quando Lu Wei foi colocado à frente do grupo Líder Central para assuntos do ciberespaço, a China Aumentou a eficácia de sua Grande Muralha de Fogo, que bloqueia o acesso de dezenas de milhares de sites ocidentais, assim como seu escudo Dourado, que faz a vigilância online, e seu grande canhão, que pode ser usado para atacar sites hostis. Microblogs e redes sociais como Sina Weibo são policiadas agressivamente, com pena de reclusão para aqueles condenados por postar online informação falsa ou subversiva.

O resultado foi que a internet é dominada pela BAT: Baidu (o buscador fundado por Robin Li em 2000), Alibaba (a resposta de Jack Ma à Amazon, fundada em 1999) e Tencent (criada um ano antes por Ma Huateng, mais conhecido por seu aplicativo de mensagens WeChat).

Em Pequim, o “Grande Irmão” agora tem o Big Data de que precisa para manter Estreita vigilância sobre os netizens chineses. Enquanto isso, se o NSA metadados da China, têm que ultrapassar a Grande Muralha de Fogo da China.

Integrar e isso com dados que as autoridades possam facilmente olhar a partir das empresas BAT permitiria a formação de um sistema de controle social Além dos Sonhos dos Estados totalitários de meados do século XX.

“bi yuan”.

60 – A praça e a torre redux

A Lei de Moore Tem estado em operação, em seu período mais anterior, desde que a máquina analítica de Charles Babbage foi parcialmente construída antes de sua morte em 1871, e certamente desde a Segunda Guerra Mundial. Não se pode dizer que houve melhoras proporcional de nossa produtividade, menos ainda na nossa conduta moral como espécie. Há uma defesa forte e variável a fazer da ideia de que as inovações das revoluções industriais passadas beneficiaram mais a humanidade do que a Revolução mais recente. E uma das principais consequências da robótica avançada e da Inteligência Artificial vai ser o desemprego em massa, e a probabilidade de que a maioria da humanidade de voltar a seu tempo a passatempos inofensivos sem reclamar, em troca de alguma renda básica modesta suficiente, parece bem diminuta. Somente no totalitarismo baseado em sedativos imaginado por Aldous Huxley se viabilizar um arranjo social como esse. Um resultado mais provável ser a repetição do evento em quê violentos levantes jogaram a última grande era conectada no caos: a Revolução Francesa.

A lição da história é que confiar em redes para que façam o mundo funcionar é uma receita para a anarquia: em seu melhor, o pô ilumine Illuminati, mas o mais provável é que acabe nas mãos dos jacobinos.

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